(Por Harold Ralph Gilmer)
“Assim diz o SENHOR... todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não omitas nenhuma palavra” (Jeremias 26:2—ACF).
“Assim diz o SENHOR... todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não omitas nenhuma palavra” (Jeremias 26:2—ACF).
Neste versículo constata-se a importância que Deus dá a cada uma de suas palavras ao enviar o profeta Jeremias para proclamar a Sua Palavra. Para entendermos por que cada palavra, cada letra é importante para Deus, temos primeiramente que entender como Ele se revela ou se comunica com o homem.
Teologicamente, revelação é Deus dando nova informação ao homem sobre Si mesmo e sobre a Sua vontade. É necessário que Deus se manifeste, pois o homem é um ser carnal e Deus é Espiritual. Evidencia-se em Salmos 19 que Deus se revela de uma forma geral, ou natural, (versículos 1 a 7) e também de uma forma especial (versículos 8 ao 14).
A revelação geral é vista na própria natureza (Salmos 19:1), na preservação do mundo (Hebreus 1:3), na providência divina (Provérbios 16:9) e na consciência humana (Romanos 1:19; 2:15). Esta revelação é dada a todos e embora não seja o suficiente para conhecer a Deus intimamente é suficiente para que o homem saiba que Ele existe. Mas para conhecê-Lo é necessário a revelação especial.
Revelação especial é Deus falando com o homem. No Antigo Testamento, Deus comunicou-Se diretamente através de sonhos, visões, teofanias, anjos e dos profetas (Gênesis 3:8; Hebreus 1:1). Comunicou-Se através dos milagres (1 Reis 18:38), pela Encarnação (João 1:14) e hoje se comunica através das Escrituras (2 Timóteo 3:16). O que foi revelado foi escrito e isto se chama inspiração.
Inspiração é o homem escrevendo o que Deus revelou. Em 2 Timóteo 3:16 lemos que “Toda a Escritura é divinamente inspirada...”. A palavra em grego traduzida como Escritura nesta passagem é a palavra graphe, de onde vem a palavra grafia, ou escrita. Já a palavra grega traduzida como inspirada nesta passagem é a palavra theopneustos, que é composta por duas palavras: theo, que traduzida é Deus, e pneustos, que traduzida é sopro. Portanto, theopneustos literalmente quer dizer “sopro de Deus”. Podemos dizer então que tudo o que foi “escrito” (as Escrituras) foi dado pelo “sopro de Deus”. Portanto, o que Deus “soprou” foram palavras (graphe).
Cada palavra, cada letra é importante para Deus.
Jesus disse: “Até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mateus 5:18—ACF). Em Gálatas 3:16, Paulo baseia uma doutrina inteira sobre uma ÚNICA letra, quando diz: “As promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo”. Cada palavra, cada letra das Escrituras foi inspirada por Deus e é “... proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Timóteo 3:16b).
Em Apocalipse 22:18 e 19, João escreve um alerta veemente contra aqueles que omitem ou acrescentam alguma palavra quando diz: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro”. As doutrinas da revelação e da inspiração nada seriam sem a doutrina da preservação das Escrituras.
Jesus disse: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mateus 24:35). As evidências comprovam que Deus tem cuidado da Sua Palavra através dos séculos, embora não tenhamos mais os originais (autógrafos). Existem mais de 5.000 manuscritos e partes de manuscritos que concordam entre si, o chamado Texto Bizantino (em sua forma impressa ele se chama Textus Receptus (TR), ou o Texto Recebido, termo que surgiu com a impressão do Novo Testamento Grego de Elzevir em 1633). Este foi o texto usado pela Igreja durante quase dois mil anos e é o texto Grego do Novo Testamento que os reformadores usaram no século XVI e XVII para traduzir a Bíblia nos principais idiomas, inclusive para o Português. Mas dois homens, B.F. Wescott e F.J.A. Hort rejeitaram este texto e decidiram “criar” um novo texto Grego baseado em aparatos críticos. Lançaram em 1881 o seu Novo Testamento que veio a ser chamado de Texto Crítico (TC).
Versões modernas da Bíblia, que surgiram após o lançamento do Novo Testamento Crítico de Westcott e Hort, omitem o equivalente [em volume de palavras] a 1 e 2 Pedro. Palavras como sangue (Colossenses 1:14), arrependimento (Marcos 2:17) e Cristo (Filipenses 4:13) somem do texto. O TC varia do TR em 5.337 lugares.
A Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil nasceu em 1968 com o objetivo de continuar a publicar a versão Corrigida, que estava sob ameaça de não ser mais publicada pelas principais sociedades bíblicas da época. Deu-se início então a uma revisão do texto para retirar arcaísmos e influências do Texto Crítico que foram introduzidas na Bíblia. O que seria o trabalho de um ano acabou levando 26 anos. A Bíblia completa foi lançada em 1994 sob o nome Almeida Corrigida Fiel. (A revisão do Novo Testamento foi completada anos antes e adotada pelos Gideões, que anualmente distribuem cerca de 7 milhões de exemplares no Brasil).
Ao longo dos séculos Deus tem comunicado ao homem de várias formas, mas nestes últimos tempos Ele se revela através de Sua Palavra. Cada palavra, cada letra é importante e “... proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Timóteo 3:16b). “Assim diz o SENHOR... todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não omitas nenhuma palavra” (Jeremias 26:2—ACF).
(Extraído do site oficial da SOCIEDADE BÍBLICA TRINITARIANA DO BRASIL):
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