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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O "Elias" dos Últimos Dias?

(Uma Breve Análise Bíblica a Respeito do "Desafio" de Bill Keller).
 
 
É lamentável ver como muitos crentes hoje superestimam os sinais e maravilhas em detrimento da simples e ousada pregação do Evangelho. Longe de mim questionar a sinceridade, a fé e o compromisso de Bill Keller com a causa de Cristo, provavelmente motivadas por sua justa indignação com as afrontas terroristas dos partidos islâmicos, contudo, sua atitude, não demonstra maturidade e discernimento quando confrontada com o claro ensino das Escrituras.

Primeiramente, devemos lembrar que o “EVENAGELHO DE CRISTO... é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16) e que hoje (diferente dos tempos da lei), Deus nos fala por intermédio de SEU FILHO (Hebreus 1:1). Isto não significa, entretanto, que os milagres, sinais e prodígios que Deus certamente é capaz de operar não encontrem seu lugar dentro do viver e da experiência cristã diária, pois Cristo mesmo nos disse que “estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão” (Mateus 16:17). Contudo, “estes sinais“ a que Cristo se refere “seguirão aos que crerem”, e não são, necessariamente, a razão pela qual o ímpio crerá. Em João 2:24 lemos sobre certa vez em que Cristo, estando em Jerusalém por ocasião da Páscoa “durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia”, pois [Ele] “não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem”. De fato, muitos dos que seguiam a Cristo, estavam apenas “vislumbrados” com os sinais que Ele operava. E temos a prova deste fato claramente registrada em João 6:32-69 quando muitos daqueles que O seguiam ao serem confrontados por Ele com a verdade e essência do Evangelho, simplesmente debandaram, ainda que tenham presenciado muitos sinais operados pelo Senhor.

Em segundo lugar, os sinais que Deus é e sempre será capaz de realizar apenas provam que Ele é Deus e deve ser temido e não são essencialmente indispensáveis para levar o homem à fé (ao menos não deveriam ser). Quando Cristo se mostrou aos doze após haver ressuscitado, sabemos que Tomé não creu até que O viu e O tocou. No entanto, a ele Cristo disse: “Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29). Sinais e prodígios não podem ser a base de nossa fé. Nossa fé deve estar firmada na Pessoa e na obra redentora de Cristo.

Em terceiro lugar, temos provas mais do que suficientes no Antigo Testamento de que os sinais e prodígios realizados por Deus no meio do povo de Israel não foram suficientes para mantê-los obedientes e fiéis ao Senhor. Em Números 14:22, por exemplo, lemos:

“E disse o SENHOR: Conforme à tua palavra lhe perdoei. Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do SENHOR encherá toda a terra, E QUE TODOS OS HOMENS QUE VIRAM A MINHA GLÓRIA E OS MEUS SINAIS, QUE FIZ NO EGITO E NO DESERTO, E ME TENTARAM ESTAS DEZ VEZES, e não obedeceram à minha voz, Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá”.

E o escritor aos Hebreus (que creio ter sido Paulo) falando sobre as muitas vezes em que o povo israelita tentou a Deus no deserto, nos diz:

“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações, Como na provocação, no dia da tentação no deserto. Onde vossos pais me tentaram, me provaram, E viram por quarenta anos as minhas obras”. (Hebreu 3:7-9).

Em quarto lugar, a Bíblia claramente nos adverte “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Mateus 4:7; Lucas 4:12). Pôr Deus à prova, fazendo um “acordo” com os ímpios e requerendo deles que se dobrem perante o Senhor caso tenham uma prova de que Ele é o verdadeiro e único Deus por meio de sinais e prodígios, não implica simplesmente em desafiar o ímpio em si, mas ao próprio Deus. Isto é o mesmo que tentá-lo! Além disso, no contexto de 1 Reis 18, não vemos Elias fazendo qualquer acordo com os profetas de Baal de que se Deus derramasse fogo do céu, eles deveriam abandonar o seu falso deus e se converter ao verdadeiro Deus de Israel. Ao contrário disto, todos foram mortos pelos israelitas (versos 39 e 40). Em outras palavras, Elias não pôs em “risco” sua fé desafiando (isto é, tentando) a Deus. Acaso Elias disse que adoraria a Baal se ele lançasse fogo do céu? Elias fez, porventura, um acordo com os falsos profetas de Baal de que ele (Elias) o serviria caso os clamores destes fossem atendidos por seu falso deus? Não, o propósito de Elias, certamente sob o aval de Deus, era repreender o povo israelita que, a despeito de todos os sinais que Deus já lhes havia dado desde de sua libertação da escravidão no Egito, estavam servindo a um falso Deus! [Leia o contexto e entenderá!]

Em quinto e último lugar, não há como negar que nos últimos dias (os quais já são uma realidade para nós) até mesmo Satanás teria poder quase que ilimitado para realizar sinais e prodígios para enganar os que rejeitaram o amor à verdade. Por que razão Paulo diria aos gálatas: “Mas, ainda que nós mesmos ou UM ANJO DO CÉU VOS ANUNCIE OUTRO EVANGELHO ALÉM DO QUE JÁ VOS TENHO ANUNCIADO, seja anátema” (Gálatas 1:8)? E o próprio Senhor Jesus nos adverte: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, E FARÃO TÃO GRANDES SINAIS E PRODÍGIOS QUE, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24:24). Além disso, a quem Cristo dirá abertamente naquele grande dia: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:23)? Não será àqueles que tentarão justificar-se diante Dele expondo os sinais e maravilhas que operaram em Seu nome?

O discernimento e a sobriedade parece não ter mais lugar na vida de muitos Cristãos. Mas a Bíblia nos diz que no final dos tempos seria assim (1 Timóteo 4:1; 2 Timóteo 4:3,4).

Portanto, quanto a Keller, do qual não questiono a idoneidade, pois, de fato, não o conheço, sua atitude não me parece plausível com o compromisso que cada crente deveria assumir apenas com o ide de Cristo (Marcos 16:15) e com a suficiência do Evangelho pregado com ousadia e intrepidez, pois este sim (o Evangelho), como dito antes, “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16).

Acho que Bill Keller pode estar “brincando com fogo”!

Em Cristo,

D. S. Castro.

Link para a notícia: http://noticias.gospelprime.com.br/pastor-desafio-elias-califa-estado-islamico/

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