(Prefácio do
livro de autoria de Osiel Gomes)
Um ponto
nevrálgico da realidade atual nas igrejas ditas evangélicas no Brasil é destacado
nesse livro por seu autor: a Bíblia não mais tem autoridade objetiva em nosso
meio. A afirmação “a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática” não passa de
um engodo, fumaça para a vista, pois já não funciona. Nas igrejas
denominacionais o que vigora é o pacote da denominação. O pastor que colocar a
Bíblia acima do pacote estará na rua (e sem demora). Nas outras igrejas o que
impera é a palavra do pastor: se a Bíblia discordar, pior para ela; a “ovelha”
que ousar compará-la à palavra do pastor será alijada. Torna-se necessário,
então, perguntar: Como chegamos a esse estágio?
Para
responder à questão, recordo-me de l Coríntios 12.28: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar
profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros,
governos, variedades de línguas”. A descrição é claramente hierárquica e
curiosamente, nesta lista, não consta a figura do “pastor” (como consta em
outras descrições, mas não hierárquicas). Se Deus coloca mestre em terceiro
lugar, deve ser por um motivo adequado. Quem se interessa pelo bem-estar da
lgreja precisa ater-se a ele [a este ministério]. Agora, nas igrejas que você
conhece, quantos mestres de verdade você já viu? Provavelmente nenhum. Claro.
Seminário teológico denominacional algum do país ensina os teologandos a
estudar a Bíblia, a interpretá-la, a expô-la – a preocupação maior é enfiar o
pacote da casa cuca adentro. Como a função de mestre, no contexto da lgreja, é
ensinar a Bíblia, e como nos seminários não se aprende isso, quem quiser se
tornar mestre terá de fazê-lo por esforço próprio. No entanto, sendo coisa
adquirida fora do controle dos guardiões do pacote, esse “mestre” não será
aceito pela denominação.
Creio que
qualquer crente pensante concordará com a hipótese de que 99% das igrejas ditas
evangélicas no Brasil são raquíticas (as poucas e honradas exceções perfazem,
talvez, 1%). Entendo que essa situação calamitosa se deva não à falta de apóstolos
e profetas, mas à absoluta carência de mestres, que creem na Bíblia mormente.
Os missionários que trouxeram o Evangelho ao Brasil fundaram seminários para
preparar pastores dentro de seus paradigmas ou pacotes doutrinários. Satanás cuidou
de envenenar a fonte, provendo professores que solaparam qualquer confiança na Bíblia
como autoridade objetiva. Se alguém foi ao exterior preparar-se coma mestre,
voltou ainda pior.
O Senhor
Jesus mandou e manda fazermos discípulos, e não meramente ganhar almas. Nem unção
apostólica, nem unção profética produzem seguidores. Para ser discípulo há que
palmilhar um caminho de renúncia, disciplina, e de compromisso renovado
diariamente. Hebreus 11.6 afirma que Deus é galardoador dos que O buscam
diligentemente, e não dos preguiçosos, nem dos que buscam “unção” emprestada,
sem esforço, sem compromisso, sem santificação. Em Joio 8.31 Senhor Jesus
promete: “Se vós permanecerdes na minha
palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”. É a Palavra escrita a
nossa água, comida, a espada do Espirito, e o meio de santificação; e é a
função do mestre ensinar essa Palavra.
Com pouquíssimas
e honradas exceções, os púlpitos do país encontram-se ocupados por pastores que
efetivamente usurpam o lugar dos mestres, mas que não sabem ensinar Bíblia. Por
isso as ovelhas vivem famintas. Além de nunca ouvirem ensino bíblico sério,
jamais aprenderam a estudar o Texto por conta própria. Quando um mestre de
verdade surge, o pastor sente-se inseguro e ameaçado, e logo tenta se livrar da
presença incômoda. Oséias 4.6 retrata o resultado: “O
meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento” (de Deus, ver 4.1).
Eis então a sentença: “Porque tu rejeitaste
o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim”! Calamitosamente, muitas igrejas se encontram com o sacerdócio já
cassado. Porém a desgraça não para ai: “Visto
que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”!
Ai, ai, ai. Sem filhos não há futuro. Estamos condenados.
É urgente e imperativo reabilitar a função de mestre nas
igrejas. Precisamos desesperadamente de mestres com fogo, que levem a Palavra a
sério e ouçam o Espirito Santo. Se existem, no Brasil, meia dúzia de mestres
assim, no momento não sei dizer os nomes. Poucos são os pastores brasileiros
que sabem estudar a Bíblia. E não se pode dar o que não se tem. Contudo, o que
existe são os sem fogo, presos a pacotes. Que fazer? Quanto a mim, entendo que
Deus está cobrando defesa da autoridade objetiva do Texto Sagrado e da exata
redação original, cuja autoridade objetiva havemos de pregar. Declaro e creio
poder demonstrar que Deus preservou, efetivamente, a exata redação original do
Novo Testamento através dos séculos, e que hoje podemos saber qual é. Defender
a inspiração e a inerrância do Texto hoje depende dessa preservação.
Parabenizo a publicação deste livro, Mais Palavra, Menos Emocionalismo. Recomendo a todos lê-lo. O
Pastor Osiel levanta a bandeira da necessidade de voltar à Palavra de Deus. Amém.
Que assim seja.
Wilbur Norman Pickering
Thm PhD
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