(Comentário por mim redigido em resposta a artigo postado por Ciro
Sanchez, Pastor Assembleiano, em seu blog, em defesa do suposto “Dízimo
Cristão”).
C. Sanchez: A prática do dízimo sempre foi comum na Igreja
Presbiteriana, na Igreja Batista, na Assembleia de Deus e em outras igrejas
tradicionais. Mas há, na atualidade, um equivocado movimento extremista que
insere o dízimo no mesmo bojo das falaciosas doutrinas da Teologia da
Prosperidade.
Comentário (D. Castro): Primeiramente, caríssimo irmão
Ciro Sanchez, é bem verdade que como vossa graça diz “a prática do dízimo sempre foi comum na Igreja Presbiteriana, na
Igreja Batista, na Assembleia de Deus e em outras igrejas tradicionais”. No
entanto, apesar da conveniente insistência daqueles que defendem a validade de
tal prática como obrigatória para igreja, nenhuma das passagens do Novo Testamento
evocadas pelos “guardiões” do “dízimo cristão”, sequer insinua que a igreja
primitiva de um modo geral, ou mesmo em particular, utilizava-se de tal prática
“caduca” a exemplo das instituições e organizações eclesiásticas citadas por
vossa senhoria. Não há como negar a conveniência por traz das argumentações
falaciosas dos que insistem na obrigatoriedade do dízimo para igreja! Os que o
defendem, em geral são:
· “pastores”
e “líderes cristãos” que dele “sobrevivem” (ou devo dizer, “enriquecem”) (Nem
todos!);
· “crentes”
incautos e imaturos cujas mentes já há muito estão cativas pelo legalismo de
tal prática “disfarçado” em um pseudo-reconhecimento de que tudo pertence a
Deus, os quais em geral, são vítimas da imposição psicológica das “maldições” por
vezes lançadas sobre os que não o praticam;
· os “interesseiros
de plantão”, que de olho nas supostas promessas de prosperidade advindas de tal
prática, pois como afirmam os seus líderes, “Assim diz o Senhor, fazei prova de
mim!”, não deixam de cumprir o suposto mandatário;
· os que
têm “rabo preso” com a instituição/organização a que pertencem e por isso se
“contorcem em malabarismos” para defender o indefensável.
A flagrante desonestidade se vê ainda no fato
de nestes meios não se fazer qualquer distinção entre o que é de fato o dízimo
segundo a lei e o que são as ofertas e contribuições voluntárias, estas sim
mencionadas no Novo Testamento para a manutenção daqueles que obram pela causa
do Mestre, e não somente destes, mas também dos mais desafortunados da igreja,
sem qualquer imposição ou extorsão psicológica quanto a atender aqueles que
necessitam, pois estes (os verdadeiros crentes, genuinamente nascidos de novo) devem
ser movidos e constrangidos por seus líderes a fazê-lo de modo espontâneo.
Todo “teologozinho de meia pataca” é sabedor
que desde a antiga aliança sob a lei mosaica já havia sido claramente
estabelecida uma nítida distinção entre o dízimo
e as ofertas votivas e voluntárias (Deuteronômio 12:6;
Deuteronômio 12:17). Portanto, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra
coisa. Sempre foi assim! À exceção do dízimo de Abraão e do voto de Jacó, que
certamente foram voluntários – e nada têm a ver com o dízimo segundo a lei – o
dízimo legal, sob a tutela da lei mosaica, sempre foi obrigatório e nunca
voluntário. Todo israelita estava debaixo deste mandatário (Aliás, nem todos, e
se vossa graça houvesse realmente feito um estudo honesto e imparcial das
disposições legais do antigo pacto quanto à questão do dízimo, não se daria ao
trabalho de escrever com “ares de sabedoria” do que de fato, ao que me parece,
não conhece!). Tudo, portanto, hoje, nos meios em que se busca defender o
dízimo como um “mandamento irrevogável” para o cristão, inclusive fazendo uso indevido
de textos como Mateus 23:23 e Hebreus 7:1-8, por exemplo, para convenientemente
afirmar que supostamente “a igreja primitiva praticava este preceito da lei
mosaica”, gira em torno de inculcar na mente do “cristão” a ideia de que as
contribuições e ofertas na nova aliança [e aí incluem também indevidamente “o
dízimo”] são voluntários. Aliás, à semelhança dos adventistas que enxergam o
decálogo em todos os textos que mencionam a lei, quando isto lhes convém, os
defensores do “dízimo cristão”, além das “migalhas” que colhem no Novo
Testamento sobre o dízimo, distorcendo-as, é claro, de modo flagrante, parecem
enxergar o “dízimo” até mesmo onde ele não existe! Lamentável!
C. Sanchez: Não sou líder de
igreja, a despeito de ser pastor. Não sou sustentado por dízimos dos fiéis.
Ademais, a minha posição contrária à Teologia da Prosperidade já é bastante
conhecida de quem costuma ler os meus textos. Não apoio as práticas que igrejas
pseudocristãs e pseudopentecostais utilizam para literalmente arrancar o
dinheiro dos fiéis. E, por todas essas razões, posso falar à vontade a respeito
do dízimo.
Comentário (D. Castro): Em segundo lugar, caro irmão
Ciro, também sou totalmente contra “as
práticas que igrejas pseudocristãs e pseudopentecostais utilizam para
literalmente arrancar o dinheiro dos fiéis”. Conquanto, seria a falta de
honestidade em tratar seriamente do assunto do dízimo com a igreja sob as
límpidas bases estabelecidas nas Sagradas Escrituras, “mitificando” esta
prática como obrigação do crente, menos desonesto do que as práticas de
estelionato dos pseudocristãs e pseudopentecostais? Não seria mais honesto os
líderes de nossas “igrejas” estabelecerem em assembleia geral de que forma se
darão as contribuições sem impor qualquer obrigatoriedade (e sem insinuações de
maldição) sobre aqueles que certamente, de bom grado, e movidos pelo constrangimento
em amparar a obra de Deus bem como os que dignamente cumprem o seu ministério o
farão? Às vezes acho que somos “liderados” por verdadeiros “incrédulos” (quando
não mercenários), pois se deixarem de pregar o dízimo não creem que Deus
levantará um povo fiel para manter aqueles que obram dignamente pela causa do
evangelho! Peço que leia Êxodo 36:5-6 e, responda a si mesmo, quantos
“pastores” e líderes evangélicos hoje agiriam do mesmo modo que Moisés nesta
ocasião? Pois ali vemos claramente um povo que de boa vontade Deus levantou
para contribuir com a construção do tabernáculo!
C. Sanchez: Penso que
devemos, sim, nos opor aos falsos evangelhos, contrários à salvação pela Graça
(Gl 1.8; 2 Co 11.3,4), mas sem exagero. Afinal, a contribuição financeira
espontânea para a obra do Senhor, inclusive com o dízimo, nunca foi considerada
uma heresia nas igrejas. Por que agora seria ela pecaminosa e reprovável? Antes
do surgimento da Teologia da Prosperidade, não havia tanto combate ao dízimo.
Mas muita gente começou a atacá-lo, como se ele fosse também parte integrante
do aludido desvio teológico, depois que aumentou, e muito, o mercantilismo da
fé (2 Co 2.17).
Comentário (D. Castro): Sua graça afirma “Antes do surgimento da Teologia da
Prosperidade, não havia tanto combate ao dízimo”. Bem, caríssimo, como diz
o ditado “há males que vem para bem”. Ao contrário da ideia que vossa graça tenta
passar, muitos dos que têm se oposto à antibíblica prática do “dizimo cristão”,
têm sido, de fato, esclarecidos à luz da Palavra de Deus com respeito à
incoerência dos que se utilizam de expedientes nada honestos para defender o
que por Cristo foi abolido de uma vez por todas na cruz, a saber, todo o antigo pacto (João 19:30;
Colossenses 2:14). Se a busca por este esclarecimento tem sido inflamada pelos
inúmeros escândalos advindos da deplorável Teologia da Prosperidade “são outros
quinhentos”.
C. Sanchez: Está
crescendo, e muito, o número dos inimigos do dízimo. Curiosamente, boa parte
destes (sem generalizar) é formada por desviados, agnósticos, ateus, pessoas
revoltadas que se opõem a pastores, igrejas, Ceia do Senhor, inspiração
plenária da Bíblia. Tenho observado que cristãos equilibrados, sadios de
coração, atuantes na obra do Senhor, não são dados a movimentos revolucionários
que querem “reinventar a roda”, derrubar o “sistema” e exorcizar doutrinas, ordenanças
e práticas antigas das igrejas.
Comentário (D. Castro): Portanto, não seja leviano ao
alcunhar os que buscam trazer esclarecimentos sobre o assunto fundamentando-se
de modo imparcial única e exclusivamente nas Sagradas Escrituras e não em
tradições eclesiásticas questionáveis, chamando-os de “inimigos do dízimo”,
afirmando que boa parte destes são “desviados, agnósticos, ateus, pessoas
revoltadas que se opõem a pastores, igrejas, Ceia do Senhor, inspiração
plenária da Bíblia”. Sua “santidade”, renomado conferencista internacional e
“grande teólogo” assembleiano, porventura se esquece que somente os que assumem
um compromisso genuíno única e exclusivamente com a verdade do Evangelho é que
são capazes de cumprir plenamente o ministério a eles delegado pelo próprio Senhor?
Com todo respeito, irmão Sanchez, “solte o rabo” primeiro, antes de abrir a
boca e usar de leviandade contra aqueles que buscam verdadeiramente esclarecer
o povo de Deus contra as artimanhas daqueles que acham que podem servir a dois
senhores! (Mateus 6:24; Lucas 16:13). Não se esqueça ainda, querido, que
segundo se diz popularmente “uma mentira contada muitas vezes, acaba se
tornando verdade”, embora de fato não o seja, refiro-me ao suposto “dízimo
cristão”. Portanto, amado, nem todas as “práticas antigas das igrejas” são, de
fato, corroboradas pelas Escrituras. E aqui jaz o tão tradicional “dízimo
cristão”.
C. Sanchez: Concordo
que não há uma grande quantidade de versículos a respeito do dízimo no Novo
Testamento. Mas também não existe uma passagem sequer desaprovando essa forma
de contribuição. E o dízimo tem a seu favor o fato de o Senhor Jesus ter se
referido a ele como um dever, a despeito de ser menos importante que o juízo, a
misericórdia e a fé (Mt 23.23).
Comentário (D. Castro): Numa coisa, porém, “quase
concordamos”. Mas antes de continuar deixe-me alertá-lo quanto a sua ideia de
que se “não existe uma passagem sequer desaprovando essa forma de
contribuição”, então não há problema nenhum em fazermos uso dela! Creio que foi
isso o que quis transmitir, não foi? Pois bem, e onde nas Escrituras somos
instados a ir além do que está escrito? Será que naquilo em que a Bíblia se
cala, temos nós “liberdade” de lançarmos mão, ainda que para benefício da obra
de Deus? Os fins justificam os meios? Cuidado, querido! Cuidado com afirmações
impensadas! Alguém pode lhe entender mal! (1 Coríntios 4:6)
Sua graça diz “Concordo que não há uma grande
quantidade de versículos a respeito do dízimo no Novo Testamento”. Bem, além de
Mateus 23:23 (cuja passagem paralela encontramos em Lucas 11:42), Lucas 18:12 e
Hebreus 7, o que mais temos sobre o dízimo? NADA! ABSOLUTAMENTE NADA! Contudo,
os defensores da obrigatoriedade do dízimo para a igreja se agarram a tais
passagens, as únicas “migalhas” que têm (em especial Mateus 23:23 e Hebreus
7:1-8), interpretando-as conveniente sem considerar seu real contexto com o
propósito de defender sua tese! Mas pergunto a este “grande exegeta”: A quem
Cristo está se dirigindo em Mateus 23:23? À Igreja? Ora, caríssimo teólogo,
liberte-se das amarras da conveniência! Nem tudo o que Cristo proferiu nos
evangelhos ele o dirigiu a igreja! Estaria ele lamentando sobre a igreja ao
chorar sobre Jerusalém, dizendo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus
filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o
quisestes!”? É realmente a nós cristãos que o Senhor Jesus dirige estas
palavras? Ao repreender os escribas e fariseus por sua hipocrisia, Cristo,
ainda sob a lei, se dirigia a judeus, querido! Que mais deveria ele dizer
àqueles homens insensatos e cegos? Poderia ele ter dito: “devíeis, porém, fazer
estas coisas, e podem omitir aquelas!”?
[Grifo meu]. Creio que não preciso responder-lhe! E quanto Hebreus 7:1-8?
Estaria o autor da carta (que creio ter sido Paulo) ensinando os crentes
hebreus ou mesmo a igreja a “dizimar”? Sua conveniência é flagrante, Sr.
Sanchez!
C. Sanchez: Embora
tenha sido instituído nos tempos do Antigo Testamento e adotado como meio de
sustento dos levitas que serviam no Templo, o dízimo tem a sua importância nos
tempos neotestamentários. Assim como no Templo os levitas precisavam do dízimo
e das ofertas alçadas para manterem o lugar de culto a Deus e se manterem (Ml
3.8-10), os ministros e templos de hoje — e a obra de Deus, de maneira geral —
precisam de recursos para a sua manutenção.
Comentário (D. Castro): Não consigo conceber até que
ponto pode ir a conveniência de um homem supostamente “tão sábio” a ponto de
não enxergar fatos claramente estabelecidos nas Escrituras. Sua graça diz “Assim
como no Templo os levitas precisavam do dízimo e das ofertas alçadas para
manterem o lugar de culto a Deus e se manterem (Ml 3.8-10), os ministros e templos de hoje... precisam
de recursos para a sua manutenção”. Primeiramente, caro irmão Ciro, quem
constituiu os “ministros” evangélicos de hoje os “legítimos herdeiros” do
sacerdócio levítico da Antiga Aliança? Apresente-me, se possível, um único
texto das Escrituras que claramente estabeleça esta suposta transição. E quanto
às portentosas “edificações eclesiásticas” de hoje, construídas às custas do
suor e da ignorância de muitos crentes e supostamente erigidas “em nome do
Senhor” e “para Sua eterna glória”? Onde vemos nas Escrituras qualquer
ordenança de Cristo ou de seus apóstolos para que investíssemos tempo e
dinheiro em verdadeiros “palácios” para acomodar confortavelmente sua igreja, a
qual sabemos é peregrina nesta terra? E onde encontramos na Bíblia qualquer
relação entre tais edificações e o Templo do Antigo Testamento ou, ainda, a
“Casa do Tesouro”? Ah, desculpe-me, sua graça crê que como as Escrituras não se
manifestam sobre isso, não há nenhum mal em acomodarmos da melhor forma
possível o povo de Deus para cultuá-lo, não é mesmo? Contudo, amado, Cristo foi
categórico ao afirmar à mulher samaritana: “Mas vem a hora e já chegou, em que
os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são
estes que o Pai procura para seus adoradores” (João 4:23). Os homens criaram
todo este sistema de coisas, querido, e agora não conseguem mais arcar sozinhos
com ele! Daí a necessidade de usar de subterfúgios e de fazer até
“malabarismos” textuais para sustentá-lo [este sistema] com os “dízimos” e as
ofertas para manter rodando as engrenagens de instituições puramente humanas!
Enquanto isso, o ide de Cristo é cumprido verdadeiramente por homens que se
despojaram de tudo e dos quais este mundo não é digno, muitos inclusive
partindo para a glória como anônimos entre os santos, mas não diante de Deus!
Na Nova Aliança, amado, cada crente é um sacerdote
e templo do Espírito Santo! (1 Pedro
2:5; 1 Coríntios 6:19). Conquanto não possamos mais mudar a confusão instaurada
hoje e proferida por Cristo em Marcos 4:32 e Lucas 13:19, devemos ter a coragem
de confrontar o erro e alertarmos aqueles que dormem! (Efésios 5:14).
C. Sanchez: Por que o
dízimo não pode ser usado hoje como um meio de arrecadação de dinheiro em prol
da obra do Senhor? Não podem as igrejas pedir o dízimo dos fiéis, desde que não
haja barganha e imposição? O que as impede de estimular os servos de Deus a
contribuírem mensalmente com 10% dos seus rendimentos?
Muitos têm interpretado
mal o fato de o Senhor Jesus ter inaugurado o tempo da Graça (Jo 1.17), ao
pensarem que, com isso, Ele aboliu tudo o que fora dado a Moisés. Não! A obra
vicária do Senhor serve eficazmente para não mais dependermos da Lei para a
salvação, a qual se dá única e exclusivamente por meio da Graça (Ef 2.8-10; Tt
2.11). Entretanto, nem todos os mandamentos e princípios do tempo do Antigo
Testamento foram revogados ou desprezados pelo nosso Senhor, como se vê
principalmente em Mateus 5 a 7.
Comentário (D. Castro): Com respeito à abolição da lei
(ou do Antigo Concerto), caro irmão Ciro, todos nós sabemos que seu fim foi não
apenas profetizado, como se cumpriu plenamente em Cristo. Peço que analise os
textos que parecem negar que NEM TODA A LEI foi abolida com as seguintes
passagens:
“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR,
em que firmarei nova aliança com a
casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus
pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito;
porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado,
diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também
no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não
ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior
deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados
jamais me lembrarei” (Jeremias 31:31-34)
“Agora, com efeito, obteve Jesus
ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em
superiores promessas. Porque, se aquela
primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo
buscado lugar para uma segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí
vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova
aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança
que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até
fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não
atentei para eles, diz o Senhor... Quando
ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer” (Hebreus 8:7-9,13)
Muitos outros textos deixam claro que a lei foi
totalmente abolida, embora pareça que Cristo apenas a modificou e “ampliou”. E
não adianta citar Mateus 5 a 7, para apoiar sua ideia, pois por inúmeras vezes
no capítulo 5 Cristo usa a expressão autoritativa “Eu, porém, vos digo”,
indicando a implementação de uma NOVA LEI. Lembre-se de que não se pode por
“remendo de pano novo em veste velha” e “não se põe vinho novo em odres velhos”
(Mateus 9:16-17; Marcos 2:21-22). A lei de Cristo é Nova, Superior e é Perfeita!
C. Sanchez: Em Mateus
5.27,28, vemos — por exemplo — que o Senhor não revogou o mandamento “Não
adulterarás”, mas o modificou, tornando-o mais abrangente, passando a
considerar o aspecto psicológico. O Senhor Jesus, definitivamente, não revogou
toda a Lei (Rm 15.4). Falando especificamente do Decálogo (que é apenas um
resumo da Lei), nove dos dez mandamentos foram repetidos no Novo Testamento de
maneira ampliada ou modificada. A única exceção é quanto à observância do
sábado (Mc 2.24-28; Gl 4.8-11).
Comentário (D. Castro): Ainda com respeito a Mateus 5, o
senhor após suas argumentações encerra dizendo “A única exceção é quanto à
observância do sábado”. Não sou adventista, mas isso me faz lembrar da desonestidade
dos que defendem o suposto “dízimo cristão”, quanto a não aceitarem a
argumentação deste movimento sectário que busca sustentar a validade da guarda
do sábado alegando que o mesmo é anterior à lei, enquanto fazem uso do mesmo
argumento para defender a suposta validade do “dízimo” para a Nova Aliança.
Isso lhe parece honesto, querido? Há mim me parece muito mais uma questão de
conveniência! E que conveniência!
C. Sanchez: Considero
exagerado, extremado, esse movimento que visa a exorcizar e esconjurar o
dízimo, com base no argumento de que ele pertence à Lei. Ora, quais são as
implicações negativas de sua observância quanto à salvação pela Graça?
Contribuir com o dízimo impede alguém de ser salvo? Quem dá o dízimo faz isso
para obter a salvação pelas obras?
Comentário (D. Castro): Vossa graça pergunta “quais são as implicações negativas de sua
observância [do suposto “dízimo cristão”] quanto à salvação pela Graça?
Contribuir com o dízimo impede alguém de ser salvo? Quem dá o dízimo faz isso
para obter a salvação pelas obras?”. Ora, meu querido irmão assembleiano,
vossa senhoria sabe muito bem como as coisas funcionavam na prática em um passado não tão distante e ainda hoje funcionam em
muitas igrejas de sua tão amada denominação (e em diversas outras é claro!).
Deixa-se um irmão ou irmã de “dizimar”, era logo visto pelos demais como o pior
dos pecadores, sujeito até mesmo à disciplina ou expulsão caso persistisse “no pecado”
ou ousa-se questionar a validade bíblica do mesmo com seu “pastor”! Eu mesmo vi
crente ser “escorraçado” de sua igreja por insistir em pregar contra a
obrigatoriedade do “santo” dízimo. E isto ainda ocorre até hoje, sobretudo, em
muitas igrejas interioranas pelo Brasil. Portanto, Sr. Sanchez, não se faça de
desentendido. O senhor conhece muito bem os fatos e histórias do tipo são muito
bem conhecidas por uma miríade de crentes. E o que dizer da pressão psicológica
a que foram submetidos por anos muitos de nossos irmãos e irmãs mais antigos a
ponto de hoje julgarem ser um gravíssimo e condenável pecado deixar de
“dizimar”, certos de que se não o fizerem arderão no “fogo do inferno” por toda
a eternidade! Da boca pra fora, muitos deles dizem, “eu não dou o dízimo para
ser salvo”, mas se deixam de “dizimar” por qualquer motivo, julgam-se
imediatamente culpados por estarem supostamente “roubando a Deus”, e no
primeiro sinal de tribulação (natural na vida de todo o crente), creem estar
debaixo de maldição por não haverem se mantido fiéis ao tão imaculado “dízimo
cristão”. E o senhor ainda tem o atrevimento de perguntar: “quais são as
implicações negativas de sua observância quanto à salvação pela Graça?”. Ora,
faça-me o favor, senhor “pastor”! A quem quer enganar?
C. Sanchez: Tudo o que
temos, nesta vida, pertence ao Senhor (1 Co 4.7; Tg 1.17; Sl 24.1; Êx 13.2),
inclusive o dinheiro (Ag 2.8,9). A Ele não pertence apenas 10% do que
possuímos, e sim tudo (100%). E o Senhor tem permitido que administremos o que
nos tem dado pela Graça (1 Co 4.1; 6.19,20), inclusive a nossa renda. Uns são
mais generosos, e outros, menos. Mas, que mal existe em alguém contribuir
mensalmente com o dízimo, para manutenção da obra do Senhor? Antibíblica e
anticristã essa prática não é, a menos que somem a ela as técnicas usadas pelos
propagadores da falaciosa Teologia da Prosperidade.
Conquanto o texto de
Mateus 23.23 apresente uma contundente mensagem do Senhor Jesus aos fariseus,
vejo nele incentivo à prática do dízimo aplicável aos dias de hoje. Caso
contrário, nada do que está escrito em Mateus 23 poderia ser aplicado
hodiernamente. Muitos pastores, por exemplo, baseiam-se no versículo 28 para
pregar contra a hipocrisia: “exteriormente pareceis justos aos homens, mas
interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidade”. Por que não podemos
usar o versículo 23 para estimular a contribuição do dízimo?
Comentário (D. Castro): Quanto à sua afirmação de que se
não pudermos aplicar o texto de Mateus 23:23 “para estimular a contribuição do dízimo” em nossos dias, então
“nada do que está escrito em Mateus 23 poderia ser aplicado hodiernamente”, não
passa de pura falácia, querido! Quer ver? Em que outro verso deste capítulo,
Cristo menciona qualquer outro ponto específico da lei, além do dízimo? Viu,
meu caro, embora Cristo estivesse de dirigindo aos judeus não há nenhum
problema em tomarmos as repreensões feitas a eles e aplicarmos aos muitos
hipócritas hoje no seio na cristandade. Contudo, isto de modo algum nos abona a
fazer uso do verso 23 do referido capítulo para dizer que Cristo está-nos
“incentivando a dizimar”!
C. Sanchez: O dízimo e
as ofertas para a obra do Senhor podem ser defendidos com base em várias
passagens neotestamentárias, como Hebreus 7.1-10; Romanos 4.11,12,16; Gálatas
3.9; João 8.39; Atos 4.32; 2 Coríntios 8.1-9; 9.6ss; Filipenses 4.10-19, etc.
Mas a passagem mais enfática quanto ao dízimo é mesmo Mateus 23.23. Ela contém
um grande ensinamento: o de que devemos priorizar, ao contrário dos fariseus, a
justiça, a misericórdia e a fé, mas sem nos esquecermos de que devemos
contribuir para a obra do Senhor: “deveis, porém, fazer essas coisas e não
omitir aquelas”.
Comentário (D. Castro): “O dízimo e as ofertas
para a obra do Senhor podem ser defendidos com base em várias passagens
neotestamentárias”. Aqui
temos a prova da confusão que certos líderes tentam causar na mente dos crentes
incautos e imaturos. Como já mencionamos anteriormente, o dízimo segundo a lei
sempre esteve em contraste com as ofertas (quer votivas, quer voluntárias)
(Deuteronômio 12:6; Deuteronômio 12:17). Contudo, usando de má fé, os
defensores do suposto “dízimo cristão” colocam tudo em um mesmo bojo (o dízimo e as ofertas) e alegam que tudo
é uma e a mesma coisa, conquanto, por vezes se contradigam, hora afirmando que
o dízimo é obrigatório, hora dizendo que deve ser voluntário. As passagens
mencionados por vossa graça, irmão Ciro, nada têm a ver com o dízimo! Seja
honesto consigo mesmo, por favor! Não lhe dói a consciência? Ao que parece não,
pois “volta o cão arrependido...”, isto é, a velha ladainha de que “a passagem
mais enfática quanto ao dízimo é mesmo Mateus 23.23”. Que vergonha! As
passagens alistadas, com exceção de Mateus 23:23 e Hebreus 7:1-10, as quais já
esclarecemos acima não dão qualquer apoio a uma suposta obrigatoriedade de a
igreja “dizimar”, tratam especificamente de ofertas e contribuições
voluntárias, algumas das quais devem ser sistemáticas, mas não obrigatórias e
nem mesmo estipulando o percentual a ser ofertado ou com que se deva
contribuir.
C. Sanchez: Opositores
do dízimo dizem que o texto de Mateus 23.23 não se aplica a nós porque na cruz
toda a Lei foi anulada e tudo o que Ele disse antes da sua crucificação
baseara-se na Lei. Bem, se não podemos receber como verdade neotestamentária o
que o Senhor disse antes de sua morte e sua ressurreição, a igreja de Atos dos
Apóstolos baseava os seus ensinamentos em quê? É evidente que ela seguia as
verdades transmitidas por Jesus no período em que andou na terra (o que inclui
Mateus 5-7, 23-25, João 13-17, etc.), antes de morrer e ressuscitar, e antes da
sua ascensão (At 1.1-9).
É claro que, no tempo da
Graça, a contribuição financeira deve ser, antes de tudo, voluntária, generosa,
altruísta, em gratidão a Deus por tudo quanto dEle temos recebido (Tg 1.16).
Por outro lado, não há necessidade de exorcizar a prática do dízimo, como se
ela pertencesse ao pacote herético da Teologia da Prosperidade, a qual é
perniciosa em razão da intenção de seus adeptos: “por avareza, farão de vós
negócio com palavras fingidas” (2 Pe 2.3).
Contribuir com o dízimo
mensalmente, em gratidão a Deus e pensando no bem da obra dEle, não é, de modo
algum, barganhar ou ser amante do dinheiro (1 Tm 6.10). A Bíblia não apoia a
prática de contribuir financeiramente com segundas intenções. A despeito disso,
tenho certeza de que o Senhor abençoa a quem contribui com generosidade,
alegria, como se vê claramente em passagens como 2 Coríntios 9.6-15 e Malaquias
3.8-10.
Diante do exposto, a
impressão que tenho é que os oponentes do dízimo agem assim muito mais porque
não desejam contribuir do que para manter a pureza do Evangelho e protegê-lo da
Teologia da Prosperidade. Lembremo-nos de que o nosso julgamento deve ocorrer
de acordo com a reta justiça, e não mediante generalizações e “caça às bruxas”
(Jo 7.24).]
Por um cristianismo
equilibrado,
Ciro Sanches
Zibordi.
Comentário final (D. Castro): Novamente a leviandade! Quero
crer que por desinformação de sua parte, contudo, uma atitude deplorável. O
senhor diz “Opositores do dízimo dizem
que o texto de Mateus 23.23 não se aplica a nós porque... tudo o que Ele disse
antes da sua crucificação baseara-se na Lei”. Quem disse isso? Conheço
inúmeros crentes esclarecidos quanto ao dízimo e jamais ouvi de nenhum deles
tal afirmação absurda. Parece que o desespero em sustentar sua “doutrina” do
“dízimo cristão” o faz colocar até palavras estúpidas na boca dos que não
compactuam com seus “contorcionismos” para defender sua teoria arruinada. Seja
honesto, meu irmão, não nos faça parecer tolos!
Além disso, sua “impressão” (para não dizer
afirmação) de que “os oponentes do
dízimo agem assim muito mais porque não desejam contribuir do que para manter a
pureza do Evangelho e protegê-lo da Teologia da Prosperidade” não passa de
uma afronta sem precedentes a muitos daqueles que, de fato, estão muito mais
interessados na verdade dos fatos, o que certamente trará muito mais honra e
glória ao Senhor, do que em subterfúgios e especulações advindos de quem se diz
“equilibrado”, mas de fato “pende” muito claramente para o lado que favorece
não apenas sua posição como também os dogmas de sua denominação.
Por um cristianismo autêntico,
D. S. Castro.