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domingo, 1 de junho de 2014

Desmistificando o DÍZIMO (Segunda parte de Ensaio em construção!)

Abraão, o “Dizimista Fiel”?
 
 
Os que insistem em defender a ideia antibíblica do dízimo como um preceito ainda obrigatório à igreja, se arvoram a citar o patriarca Abraão, nosso pai “na fé”, como o maior exemplo, POR EXCELÊNCIA, de um servo do Senhor que “cumpriu rigorosamente” com a prática do dízimo atribuindo-lhe até mesmo a alcunha de “dizimista fiel”. Pois bem, vejamos se tais argumentos, ou melhor, se tais especulações, se sustentam à luz de uma correta análise dos contextos em que são mencionados o “dízimo” de Abraão. Primeiramente, creio ser justo perguntarmos sob quais “leis” viveu o patriarca. Embora pareça estúpida, a seguinte pergunta se faz necessária: Estaria ele (Abraão) debaixo da lei mosaica? Claro que não, embora o Senhor houvesse feito com ele uma aliança (ou pacto) que seguramente previa inúmeras promessas de bênçãos específicas com respeito à sua descendência – Israel (Gênesis 15:18; 17:2,4,7, 10). No entanto, embora tal pacto mencionasse a circuncisão, jamais incluiu o dízimo! SERIA A CIRCUNCISÃO SUPERIOR AO DÍZIMO? De fato, a lei somente veio por intermédio de Moisés mais de 400 anos após a morte de Abrão e nenhuma referência há nas Escrituras até o “voto” de Jacó, com respeito à regularidade deste preceito. Vale lembrar ainda que o “dízimo” de Jacó tratou-se de uma promessa (ou “voto”, como dito antes) feito por ele a Deus, sob a condição de que sua jornada fosse bem sucedida (Jacó muito provavelmente ali acabou “comprometendo” a terra de Canaã. Trataremos disto em outro artigo!). E mesmo de Jacó até Moisés, nada mais é mencionado sobre a prática do dízimo segundo a lei. Vejamos o que diz as Escrituras: “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; E DE TUDO QUANTO ME DERES, CERTAMENTE TE DAREI O DÍZIMO". (Gênesis 28:20-22). Vale ainda lembrar que o voto de Jacó foi espontâneo e não uma obrigação legal sobre qualquer tipo de coação. De igual modo, resta-nos apenas reconhecer que o dízimo de Abraão também foi um ato voluntário e não o cumprimento de um preceito legal, como mais tarde se tornaria tão logo o povo de Israel adentrasse a terra prometida (Canaã) (Êxodo 12:25; 13:5). Aliás, seria também justo perguntarmos aos defensores do dízimo old-testamentário como obrigatório aos cristãos, se o povo israelita, enquanto vagou pelo deserto por um período de 40 anos, por sua desobediência e incredulidade, “dizimava” segundo a lei? Acho que o texto bíblico citado (Êxodo 12:25; 13:5) e a completa ausência de sequer uma referência a tal fato são suficientes para responder a pergunta! Além disso, muitos outros fatos e evidências deixam claro que o propósito do dízimo segundo a lei de Moisés não tinha ainda sua razão de ser enquanto o povo peregrinava no deserto rumo a Canaã. Um outro fato inescapável aos olhos atentos daqueles que verdadeiramente buscam a verdade é que o dízimo de Abraão, cujas únicas menções se encontram em Gênesis 14:20 e Hebreus 7:2-4, referindo-se, é claro, a uma mesma ocasião em que o patriarca “dizimou”, não se referia às suas posses propriamente ditas, mas aos ESPÓLIOS DA GUERRA que travara contra os quatro reis que haviam sequestrado seu sobrinho Ló (Gênesis 14:1-20). Isto está claramente exposto no mesmo capítulo 7 e no versículo 4 da mesma carta aos Hebreus. Cito o trecho: “Considerai, pois, quão grande era este [Melquisedeque], a quem até o patriarca Abraão deu OS DÍZIMOS DOS DESPOJOS. Não há como sustentar, portanto, a ideia de que Abraão estava sob a regulamentar obrigação de “dizimar” de TUDO quanto possuía e muito menos que o fizesse de modo frequente. Em outras palavras, uma e somente uma é a menção feita nas Escrituras de que nosso patriarca na fé praticou o dízimo, conquanto não conforme e jamais sob a obrigação da lei que nem sequer havia sido estabelecida ainda. Diante disso, pergunto aos defensores do dízimo como obrigatório à igreja: É justo chamar Abraão de o “dizimista fiel”, quando uma única vez apenas é mencionado tal fato a seu respeito na Bíblia? Se admitirmos que sim, então, pela mesma lógica, deveremos aplicar-lhe também a alcunha de “mentiroso contumaz”, pois a Bíblia menciona ao menos duas vezes em que Ele, por medo certamente, faltou com a verdade, mentindo e sendo inclusive duramente repreendido por um rei ímpio! (Gênesis 20: 1-18). Usar de dois pesos e duas medidas somente os que se atém à conivência interesseira o fazem!
 
A própria história registra que a prática do “dízimo” à época de Abraão era um costume bastante comum, sobretudo entre os povos do oriente. Veja o que diz R. N. Champlin em sua Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia: “Através das antigas alusões literárias, sabemos que o dízimo existia em muitas culturas antigas, sob uma forma ou outra. O trecho de Gênesis 14:17-20 nos informa SOBRE O COSTUME. Antes da lei mosaica sabemos que a prática existia entre os gregos, os romanos, os cartagineses e os árabes. Ver I Macabeus 11:35; Heród. 1:89, 4:152: 5:77; Diod. Sic. 5:42; 11:33; 20:44; Cícero, Verr. 2,3,6,7; Xenofonte, Anáb. 5:3, parte 9. Nessas culturas, o dízimo fazia parte da piedade religiosa [E NÃO ALGO REQUEIRO PELOS DEUSES]” (Pág. 201, II. Dízimo – destaques meus).

Com isso, concluímos que a falácia de muitos quanto à “fidelidade” de Abraão com respeito aos dízimos, o que de fato, Deus jamais requereu dele, fundamentam-se em especulações e “malabarismos” textuais com o único objetivo de manter presos os incautos e desprovidos de conhecimento e discernimento bíblico nas teias do legalismo e, por que não dizer, da idolatria! Que Deus liberte as mentes daqueles que verdadeiramente buscam a verdade!

Continuaremos em breve, se Deus assim o permitir, falando acerca do “Voto de Jacó” (Aguardem!)

D. S. Castro.

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