Páginas

sábado, 5 de outubro de 2013

A Presunção da Salvação pelas Obras

Por D. S. Castro.


Não há maior presunção do que achar que nossas obras de justiça nos garantem o direito à salvação. Nosso bom senso nos diz que nenhum pai estaria agindo corretamente ao prometer ao seu filho, como presente de natal, uma bicicleta, por exemplo, caso a criança passe de ano com uma boa média escolar ou se comporte de acordo com suas expectativas [com as expectativas do pai]. Contudo, alguns creem que Deus nos recompensará com um “lugarzinho” no paraíso caso sejamos “bonzinhos” neste mundo. Em outras palavras, se “nos comportarmos bem”, o que significa respeitar nossos semelhantes, sermos honestos, piedosos, caridosos, bem intencionados em nossas relações interpessoais, em suma, se fizermos tudo o que um “bom religioso” faz, teremos o direito, ainda que em parte, a um “merecido” prêmio do “papai do céu”, que muito se alegrará em nos recompensar por termos sido “bons meninos”.
 
Continuando com nossa analogia, imagine que o filho ao qual foi prometido pelo pai o presente mencionado – mesmo sabendo ele [o pai] que sua atitude é prejudicial à formação moral da criança – cumpra com o que o tal exigira dele. Certamente, ninguém poderá contestar que o filho pôs seu pai em obrigação para com ele, isto é, o pai passou a estar em débito para com seu filho e deverá cumprir sua obrigação.
 
Agora pergunto: Será que podemos pôr a Deus em obrigação para conosco? Seria possível ao homem fazer de Deus seu devedor?
 
Primeiramente, devemos atentar para o fato de que assim como o pai, moral e eticamente falando, nada estaria ensinando de bom a seu filho ao recompensá-lo por cumprir as exigências estabelecidas por ele [pelo pai], não podemos concluir que Deus esteja querendo nos fazer pessoas melhores prometendo-nos o céu, caso nos comportemos nesta terra segundo os seus padrões. De fato, Deus não faz isso. Além disso, uma salvação como recompensa pelo bom proceder somente produziria interesse e arrogância por parte dos homens, que inevitavelmente seriam movidos a viver segundo o que Deus exige por pura conveniência.
 
Em segundo lugar, Deus já havia tratado desse modo com o homem nos tempos da Lei, mas não para lhe garantir salvação, e sim para mostrar-lhe a impossibilidade do homem em, de fato, cumprir os padrões que Ele exige.  Ninguém poderia ser justificado pela Lei, e Deus precisava mostrar-nos isto. Nossas obras de justiça são trapos de imundície (Isaías 64:6) e não nos poderão salvar. Nossa única chance é atentarmos para Cristo e para sua promessa de que todo aquele que Nele crê será salvo.
 
Portanto, em contraste com a salvação pelas obras, não há qualquer presunção em nos declararmos salvos, se realmente cremos em Cristo e em sua promessa de salvação eterna. A salvação é, portanto, um presente da graça de Deus a todo aquele que crê em Cristo. E como lemos em Efésios 2:8-10: “se é pela fé, já não é por obras”.
 
Finalmente, todos nós sambemos quem disse estas palavras: “Aquele que crê em mim, tem a vida eterna”. E esta verdade se cumpriu até mesmo na vida do ladrão à esquerda de Cristo na cruz quando, em resposta a seu apelo Ele disse: “hoje estarás comigo no Paraíso”. Teria ele tido tempo e ocasião de mostrar suas obras de justiça, as quais – segundo os que defendem a salvação pelas obras – deveriam supostamente garantir-lhe o direito à salvação? Paulo também estabelece um claro contraste entre a graça e as obras ao afirmar: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gálatas 5:4). Portanto, nada do que fazemos ou deixamos de fazer nos dará qualquer garantia de salvação, mas somente a genuína fé em Cristo nos pode salvar. As obras são os frutos dessa fé salvífica, para que testemunhemos ao mundo que somos, de fato, novas criaturas em Cristo. “Não devemos colocar a carroça na frente dos bois”. Pense nisso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário