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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mais lenha na fogueira! (2ª Parte)

Trechos controvertidos da obra Manual Bíblico de Dake

(por D. S. Castro)
Ao longo das duas últimas semanas, estive examinando uma pequena parte do conteúdo do Manual Bíblico de Dake (Bible truths unmasked, 1950 - 2003, Dake Publishing), obra recém publicada pela editora Atos – a mesma que, em parceria com a CPAD, trouxe ao Brasil a controversa Bíblia de Estudo Dake.

Penso que o lançamento do referido manual, embora acabe por “incendiar” ainda mais as já acaloradas manifestações de repúdio ao lançamento da dita Bíblia pela CPAD, nos permitirá ter uma base mais sólida a respeito dos ensinos controvertidos de F. J. Dake. Dizem que “há males que vêm para bem”. Será este o caso?

De fato, é notável que muitos dos ensinos do autor expostos neste manual lembram alguns dos principais ensinos de grandes “Mestres da Fé” como Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Frederick Price, etc. Aliás, por falar em Frederick Price, abro aqui um parêntese para informar que – abre parêntese – a editora Central Gospel, pertencente ao “conferencista internacional” e pastor Silas Malafaia, editora esta responsável pelas publicações de seu ministério, acaba de lançar uma série de livros do “Dr.” Price. São quatro volumes em que ele [Price] expõe suas impressões pessoais sobre “Como a Fé Funciona” (Título da série). Há poucos dias comecei a leitura dos volumes e, em breve, se Deus o permitir, e se assim o fizer necessário, estarei postando mais informações sobre a inusitada obra – fecha parêntese.

Voltando à questão do manual de Dake, confesso que enquanto lia a obra sentia-me com se estivesse a ler um dos livros de Kanneth Hagin, ou um livro de R. R. Soares (Sem exageros! Pois já li alguns). A linguagem positivista, o tom triunfalista e a presunção de achar que o que está sendo exposto está em plena concordância com a Palavra de Deus [refiro-me, particularmente, a interpretação de algumas passagens bíblicas] são apenas alguns dos elementos típicos dos autores da “Confissão Positiva” que norteiam os ensinos contidos neste manual. Para dar uma amostra do que digo, registro abaixo os trechos mais incongruentes que já pude encontrar na obra até o momento, alguns dos quais beiram à blasfêmia.

Referindo-se a Satanás, Dake afirma:

“Satanás [...] é um anjo caído e o primeiro governante da terra antes dos dias de Adão. Ele liderou uma rebelião contra Deus e subiu ao céu com o propósito de banir o Senhor de lá” (p. 22)

Sobre os anjos caídos...

“Eles [os anjos caídos] governam nações” (p. 25 ,item 7)

Ainda sobre os anjos caídos, Dake relata:

“Eles comem alimentos (Gn 18), usam roupas (Jo 20.12), observam os homens (1 Co 4.9), cozinham (1 Rs 19.5-7), viajam (Ap. 8.13; 9.1), falam línguas (1 Co 13.1), testemunham confissões (Lc 12.8-9) e fazem muitas coisas que os homens fazem” (p. 26, item 14)

“Há espíritos demoníacos para cada doença, traço profano e erro doutrinário encontrados no mundo atualmente” (p. 40)

Sobre Jesus, atente para o que Dake diz:

“– A filiação divina de Jesus Cristo como o único Filho de Deus CRIADO, nascido de uma virgem” (p. 44). [CRIADO???]

Falando sobre a verdadeira manifestação do Espírito Santo, Dake apresenta o seguinte princípio indicativo:

“Profunda humildade de coração e mansidão de espírito, aliados a uma grande coragem para rejeitar o pecado, a pobreza, a enfermidade, o desânimo, o erro e tudo mais que possa produzir derrota na vida cristã (At 1.8; 10.38; Rm 8.1-13; Gl 5.16-26)” (p. 47)

Sobre a Fé... [FÉ DIVINA?!]

“A fé não é um atributo natural do homem, mas também um atributo de Deus. É a absoluta confiança e convicção de Deus em seu próprio ser e em sua Palavra”.

“Hebreus 11.3 diz que o Universo foi formado pela fé por meio da Palavra de Deus e o que não existia passou a existir. Deus tinha fé nele mesmo quando formou o Universo. Ele acreditava que podia criar o que ordenasse e chamou ‘à existência coisas que não existem, como se existissem’ (Rm 1.17)”.
(p. 161)

Estas citações foram colhidas a partir de uma primeira leitura. Além disso, gostaria de esclarecer que ainda não concluí a leitura de toda a obra, mas fiz, sim, leituras pontuais, em capítulos que tratam de doutrinais fundamentais. Creio, porém que estas citações, devem servir para dar a todos uma pequena idéia acerca dos ensinos de Finis J. Dake presentes na obra.

Em Cristo,

D. S. Castro.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Doutrina modificada*

Os autênticos cristãos sabem que a doutrina dos apóstolos, contida nas Escrituras Sagradas, não pode sofrer nenhuma espécie de retoque no sentido de “facilitar” a vida dos que pretendem se tornar evangélicos nos dias de hoje.

Sabemos que os métodos da divulgação do evangelho mudam de acordo com as épocas e as circunstâncias. Isso é plenamente salutar e até necessário, desde que os princípios doutrinários permaneçam inalterados.

E é exatamente por isso que temos várias denominações religiosas, diferentes formas de cultos e a tecnologia e os meios de comunicação cada vez mais atuantes na igreja evangélica contemporânea.

Infelizmente, muitos dos chamados evangélicos hoje estão alterando o conteúdo da Sã Doutrina que, por ser a verdade eterna e imutável acerca de Deus e do Evangelho (Jesus Cristo), não pode sofrer qualquer tipo de alteração.

E qual é o objetivo maior dessas prejudiciais distorções? É exatamente não contrariar e “facilitar” a vida daqueles que se propõem a “seguir” a Cristo. Para isso, não se fala em pecado, arrependimento, mudança de vida, perseguição, provação, o negar-se a si mesmo, tomar a cruz e a volta de Cristo.

A prosperidade é o ponto alto da pregação. Seguir a Cristo, basicamente, significa estar isento de qualquer problema físico, financeiro e espiritual. É lógico que Deus, na sua soberania e poder, pode nos livrar de muitos problemas, desde que isso esteja dentro da Sua Vontade! E, por falar nisso, você sabe qual é a maior vontade Deus para com a humanidade? A resposta está em I Tm 2:3-4 que diz: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer [deseja] que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade”.

Vejam o caso de Abraão, Salomão e Jó, autênticos servos do Deus vivo. Foram homens abastados de bens e dinheiro, mas Jesus impôs ao jovem rico a condição de vender a sua riqueza e distribuir entre os pobres para depois segui-lo. Sabemos que os três primeiros não tinham o coração em suas riquezas, enquanto aquele jovem tinha um comportamento totalmente diferente e por isso saiu triste desistindo da proposta do Mestre por amar, acima de tudo, a sua riqueza.

Voltando às praticas atraentes da igreja evangélica atual, vemos que o autêntico louvor cedeu lugar aos grandes shows ricamente produzidos para agradar à imensa e eufórica platéia. As coreografias estão cada vez mais presentes para “colorir” e “animar” ainda mais o espetáculo. Recentemente assisti na casa de um irmão ao pedacinho de um vídeo desses barulhentos shows e, estupefato, vi, no meio da multidão que pulava freneticamente vários casais dançando agarradinhos!

O mundo moderno incentivado fortemente pela mídia, não está ligando para esse negócio de conversão, arrependimento e compromisso, ou seja, mudar de rumo, voltar a ter uma nova vida, conforme a Palavra de Deus diz em II Co 5:17: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.

Os apóstolos do passado foram presos e perseguidos exclusivamente por causa do evangelho, bem diferente do que acontece com os “apóstolos” e “bispos” da atualidade. O apóstolo Pedro, devidamente inspirado pelo Espírito Santo, declara: “Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte” (I Pe 4:15-16).

Aqui no Brasil, fala-se muito no crescimento do número de evangélicos. E a situação moral e espiritual do país está cada vez pior. O grande problema é que essa quantidade não está relacionada à qualidade. Assim, torna-se necessário enfatizar a recomendação do apóstolo Paulo, citada em Rm 12:1-2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.
Encerrando, faço um apelo aos guardiões da Sã Doutrina para formar fileiras cada vez mais fortes contra essa onda imposta pelo mundo que tem como objetivo desestabilizar a verdadeira doutrina do evangelho que, no final, certamente prevalecerá, conforme promessa do Senhor Jesus Cristo.

Humberto Jônatas Jorge Miranda.

*Este artigo foi extraído de coluna do autor no jornal O Liberal (Belém-Pa). As referências bíblicas originalmente utilizadas pelo autor do artigo, extraídas de uma versão não especificada, foram substituídas pelo autor desde blog pelas mesmas referências na versão Almeida Revista e Corrigida Fiel, edição de 2007, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (SBTB).