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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Teologia da Prosperidade, diabolicamente perversa e mentirosa


Uma das principais ervas daninhas que têm se alastrado no “jardim fechado” da Igreja, nestes dias tão difíceis que antecedem à volta de Cristo, é a chamada “teologia da prosperidade”, que nada mais é que uma doutrina distorcida a respeito de Deus, de forte conteúdo materialista, que tem seduzido muitos crentes e os feito desviar da verdade.

Quando falamos em “teologia da prosperidade”, também conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé” ou “movimento da fé”, não falamos, propriamente, de uma seita ou de uma denominação, mas de um movimento que se tem infiltrado, com suas ideias e concepções, em diversas denominações e grupos evangélicos, principalmente os pentecostais, sendo, por isso mesmo, uma das mais perigosas heresias na atualidade. Seus conceitos têm invadido as mentes de muitos crentes, trazendo grandes prejuízos espirituais.

O apóstolo Paulo foi claríssimo ao afirmar que se esperarmos em Cristo só para as coisas desta vida seremos os mais miseráveis de todos os homens (1Co 15:19). É esta a triste situação espiritual dos milhões que têm procurado Jesus única e exclusivamente para terem a “prosperidade” apregoada pelos falsos mestres da atualidade, eles mesmos escravos da ganância (2Pe 2:3).

Há até, pelo menos, duas décadas, a pregação evangélica, principalmente pentecostal, enfatizava que os cristãos não deveriam se apegar às riquezas materiais, aos interesses terrenos, pois Jesus nos ensinou que aqui somos apenas forasteiros (1Pe 2:11), pois o nosso lugar é o Céu(João 14:1-3), e que não deveríamos ajuntar tesouros aqui(Mt 6:19,20; Lc 12:23). Mas, veio a Teologia da Prosperidade pregando que o cristão deve ser próspero financeiramente e viver sempre livre de qualquer enfermidade. Quando isto não acontece, é porque ele deve estar vivendo em pecado, não tem fé ou está vivendo sob o domínio do diabo. Chegam ao ridículo de dizer que Jesus nasceu de uma virgem zero km, entrou em Jerusalém montado num jumento zero km e, em sua morte, foi sepultado num túmulo zero km. Como se vê, é uma interpretação forçada da Palavra Deus para se justificar erros, heresias e interesses duvidosos.

Os Teólogos da prosperidade aqui no Brasil estão ensinando que todos os cristãos devem ser ricos financeiramente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro, uma saúde de ferro, e afirmando que toda enfermidade vem do diabo. E que se o cristão não vive essa vida pregada por eles, é falta de fé ou que há pecado em sua vida, desprezando, assim, soberania de Deus.

A soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas, mas no orbe da Confissão Positiva, ela não é levada muita a sério, pois os verbos que imperam são: exigir, decretar, determinar, reivindicar, ao invés de pedir, rogar, suplicar, etc. Jesus, porém, nos ensinou a pedir e não exigir(Ler Mt 7:7; Lc 11:9; João 16:24). Veja ainda: Sl 27:4; Pv 30:7; Zc 10:1.

A diabólica e perversa Teologia da Prosperidade tem feito ricos, pobres da presença de Deus e dos pobres, ricos sem Deus. Por quê? “Porque o [amor ao dinheiro] é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”(1Tm 6:10).

Paulo talvez fosse rico antes, mas depois que teve contato com Cristo viveu sem riquezas: "... aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas tenho experiência, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade"(Fp 4:11-12).

Veja o que o Espírito Santo nos ensina sobre o desejo de se tornar rico, usando o apóstolo Paulo: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição” (1Tm 6:9).

É necessário estarmos conscientes de que o conceito de prosperidade não pode ser reduzido à posse de dinheiro e bens materiais. Existem pessoas que possuem muito dinheiro sem, contudo, serem prósperas. Existe um alto índice de dependência de drogas, prostituição, divórcios e suicídios entre as pessoas da classe alta nas sociedades em todo mundo.

É necessário estarmos conscientes de que ser pobre, perseguido ou estar enfermo, não significa necessariamente estar em pecado. Veja as seguintes passagens da Bíblia:” Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra”(Dt 15:11). ” Porquanto sempre tendes convosco os pobres...”(Mt 26:11). “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra”(Pv 14:31). “MELHOR é o pobre que anda na sua integridade do que o perverso de lábios e tolo”(Pv 19:1).” O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso”(Pv 19:22).” O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os fez”(Pv 22:2). ” Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta(Zc 9;9).” Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”(Ap 3:17).

Os Teólogos da Prosperidade dizem que por ser filho de Deus, temos o "direito" de termos o que quisermos! Vejamos, como exemplos, algumas refutações bíblicas:

  • Jesus não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8:20).
  • Paulo viveu em constante pobreza (Fp 4:11).
  • Porque Jesus pediu ao rico para desfazer-se dos bens? (Lc 18:22).
  • Os que querem ficar ricos caem em tentações (1Tm 6:9).
  • Não podemos servir a Deus e as riquezas (Lc 16:13).
  • A oração que não é atendida: para gastar no luxo (Tg 4:3).
  • Na oração do Pai Nosso não há indicação de pedirmos além do necessário ("de cada dia..." - Mt 6:11).
  • O servo de Eliseu pegou lepra pela cobiça... (2Rs 5:20-27).
  • "Não ajunteis tesouro na terra..." (Mt 6:19).
  • José e Maria eram humildes. Sua oferta de sacrifício no templo foi um par de rolas (Lc 2:22), a mais simples oferta (veja Lv 12:6-8).
  • A fascinação da riqueza sufoca o crescimento espiritual (Mc 4:19).
  • Pedro e João não tinham oferta para dar ao paralítico (At 3:6).
  • Moisés abandonou sua riqueza e "status", para servir a Deus e ao Seu povo (Hb 11:24-26).
  • A cobiça levou o povo de Israel a desobedecer e ser derrotado (Js 7:1-26).
  • Deus usou Gideão, da família mais pobre de Manassés, para libertar Israel (Jz 6:15).
  • Jó, um justo, passou por um período de pobreza total (Jó 1:9-12).
  • Em Jerusalém, a maioria dos crentes era muito pobre, mas Paulo não os tratou com desdém, mas chamou-os de Santos: “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém” (Rm 15:26).

A Bíblia ensina que nem a pobreza nem a riqueza são virtudes. A Palavra de Deus, aliás, em momento algum trata a pobreza com desdém. A vida do homem não se constitui dos bens que possui (Lc 12:15). Não devemos ir para um extremo, nem para o outro (Pv 30:8,9). Qualquer extremo é perigoso.

É verdade que a riqueza é bênção de Deus, desde que adquirida de maneira honesta e não vise exclusivamente aos deleites deste mundo (Tg 4:3). Caso contrário, seremos escravizados por ela.

Infelizmente, nos nossos dias, muitos crentes passaram a encarar a sua fé como um meio de enriquecimento, como um mecanismo de prosperidade material e, com isto, desviam-se dos objetivos traçados pelas Escrituras Sagradas. Não negamos que Jesus tenha bênçãos materiais para a Sua Igreja, mas, definitivamente, não é para isto que a Igreja foi constituída e não é este o propósito para ela estabelecido pelo Senhor. Quando mudamos a agenda divina de salvação de almas e aperfeiçoamento dos santos pela agenda de busca de prosperidade, estamos nos encaminhando, perigosamente, para a apostasia. O materialismo é uma das principais marcas do espírito do Anticristo, cujo reinado sempre beneficiará os mercadores (cf Ap:18), que serão os que mais lamentarão a queda de seu sistema iníquo.

Não é à toa que a primeira expressão da igreja de Laodicéia, que é o retrato da igreja apóstata dos dias do arrebatamento, seja “rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17), a mostrar que esta igreja tinha, em primeiro plano, a preocupação com as riquezas, com os bens materiais.

Urge modificarmos este pensamento que está incrustado na Igreja, levando muitos à apostasia. Muitos não pensam mais nas almas, mas nos dízimos e ofertas; outros não estão preocupados com a obra de Deus, mas com os cifrões dos seus salários. Muitos não querem saber de buscar a Deus para ter bênçãos espirituais, para serem instrumentos de salvação e de aperfeiçoamento de outros crentes, mas querem enriquecer com campanhas, sacrifícios, etc. São pessoas que vivem como os gentios, que têm as mesmas preocupações e propósitos que os gentios e que, portanto, pertencem a este vasto grupo onde o amor está esfriando pelo aumento da iniqüidade e que, buscando a riqueza material, não vê que se comporta como um pobre, desgraçado e nu. Vigiemos e não entremos nesta onda, que nos levará para a perdição eterna!

Portanto, a Teologia da Prosperidade é diabolicamente perversa e mentirosa, porque induz os filhos de Deus a buscar a riqueza, por concluírem ser esta tão importante quanto a salvação.

Fonte: (Blog do Luciano de Paula Lourenço):

Evangélicos franceses querem distância da teologia da prosperidade

Evangélicos franceses se afastam da teologia da prosperidade

(Notícia originalmente publicada no Instituto Humanitas Unisinos)

O Conselho Nacional dos Evangélicos da França tomou distância da teologia nascida nas correntes pentecostais norte-americanas que coloca em um mesmo plano a salvação cristã e a riqueza material. Um documento oficial, concebido como instrumento destinado às Igrejas evangélicas, foi adotado no fim de maio.

A reportagem é de Céline Hoyeau, publicada no jornal La Croix, 02-07-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Para a "tele-evangelista" norte-americana Gloria Copeland, a equação evangélica é inequívoca: "Dê 10 dólares e você receberá 1.000. Dê 1.000 dólares e você receberá 100 mil... O trecho de Marcos, capítulo 10, versículo 30, é um grande negócio". A afirmação está em God's Will is Prosperity [A vontade de Deus é prosperidade], o trecho de Marcos é aquele em que Cristo afirma que quem dá irá receber o cêntuplo.

De uma forma igualmente peremptória em God's Laws of Success [Leis de sucesso divinas], outro "tele-evangelista" norte-americano, Robert Tilton, assegura que "o sucesso está disponível aqui e agora... Depende de você recebê-lo. Se você não conseguir, a culpa é sua e não de Deus".

Essas duas pregações são emblemáticas da "teologia da prosperidade", que floresceu há 50 anos nos ambientes pentecostais dos Estados Unidos. Na França, ela também seduz não só algumas Igrejas surgidas entre os imigrantes, mas também se encontram referências aqui e acolá nos sermões.

O Conselho Nacional dos Evangélicos da França (CNEF), que pretende ser um órgão de regulamentação doutrinal no mundo evangélico francês, considerou necessário distanciar-se oficialmente de tal atitude e dar referências esclarecedoras aos seus membros.

No dia 22 de maio, um estudo de 30 páginas, elaborado por uma comissão de teólogos, foi aprovado por unanimidade por todas as correntes representadas no Conselho: pietistas ortodoxos, batistas, mas também pentecostais e carismáticos pentecostais.

Todos concordam em dizer que a teologia da prosperidade apresenta uma concepção "errônea" da fé, que "distorce" a mensagem evangélica absolutizando certas promessas de bênção da Bíblia e, assim, apresentando perigos reais.

Primeiro erro: a teologia da prosperidade coloca no mesmo plano a salvação e a prosperidade física (saúde) e material (riqueza), enquanto a salvação cristã, que é o "coração" do evangelho "refere-se principalmente à relação com Deus e à reconciliação com ele por meio de Cristo", explica Thierry Huser, pastor da Igreja Batista, um dos elementos-base do texto.

Pior ainda, essa teologia "instrumentaliza" Deus, colocando-o a serviço da prosperidade do fiel: de fato, segundo seus defensores, o fiel deve acreditar que tudo, incluindo a riqueza, lhe foi conquistado por Cristo. Portanto, lhe bastaria manifestar a sua fé na promessa do Evangelho doando dinheiro para obter a recompensa...

Mas, nessa lógica, "a ênfase unilateral sobre a palavra de Deus, cuja eficácia reside na sua força de afirmação, pode levar a ter 'fé na fé', ao invés de ter 'fé em Deus'", declara o documento, que denuncia uma visão do mundo "próxima do pensamento mágico". "Não se deixa a Deus a liberdade de nos responder diferentemente", completa Thierry Huser. "Deixa-se de lado toda a pedagogia de Deus na nossa vida, que às vezes quer nos dar ensinamentos a partir de situações difíceis".

Nesse sentido, se os teólogos da prosperidade chegam às "aspirações profundas" de "pessoas cuja realidade cotidiana é o sofrimento e a miséria", elas são, ao contrário, "marcadas pelo hedonismo da nossa sociedade, que rejeita os limites e o sofrimento", acrescenta Thierry Huser. "Nas nossas Igrejas, acreditamos em um Deus que intervém na nossa vida e pode dar sinais milagrosos da sua ação, mas não é preciso sistematizá-los".

Particularmente perigoso, esse "sistema de sentido único" também é "fonte de profunda desilusão", porque apresenta "falsas promessas". Pior, é muito culpabilizante para o cristão: se ele não é ouvido, é criticado porque a sua fé não é suficientemente forte...

"Os profetas da prosperidade protegem-se, assim, de todo questionamento das suas promessas. Ao contrário, todo o peso do eventual insucesso recai sobre o fiel, que esperou, rezou, doou", deplora o texto do CNEF.

Por fim, um último erro e não menos importante é que os advogados da prosperidade ocultam as recorrentes admoestações de Jesus "contra o amor ao dinheiro e contra a idolatria do sucesso material".

Esse documento não é o primeiro do gênero: ele vem depois da declaração de Lausanne III, aprovada em 2010 por 4.200 lideranças evangélicas do mundo inteiro, em que um parágrafo abordava a teologia da prosperidade.

O compromisso de Lausanne, por sua vez, havia sido preparado por um texto do grupo de trabalho teológico de Lausanne 2008-2009, que, de um modo ainda mais firme e mais claro, deplorava que o evangelho da prosperidade, "ampliando as diversas causas espirituais e demoníacas da pobreza", passa quase despercebidas as suas causas econômicas e sociais.

"Este estudo do CNEF é muito importante, porque a teologia da prosperidade atinge aspirações profundas", observa o padre Michel Mallèvre, diretor do centro ecumênico Istina. "Mas, como contraponto, ele não propõe nenhuma resposta social, não convida a combater a pobreza, justamente em nome da vinda do Reino de Deus". Tal convite seria muito mais do que legítimo, segundo ele, já que há vários anos os evangélicos se lançaram, com o movimento Défi Michée (www.defimichee.fr), em uma campanha internacional de luta contra a pobreza.

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