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quinta-feira, 12 de junho de 2014

“Por que estão exorcizando o dízimo?” (Minha resposta a Ciro Sanchez)

(Comentário por mim redigido em resposta a artigo postado por Ciro Sanchez, Pastor Assembleiano, em seu blog, em defesa do suposto “Dízimo Cristão”).

C. Sanchez: A prática do dízimo sempre foi comum na Igreja Presbiteriana, na Igreja Batista, na Assembleia de Deus e em outras igrejas tradicionais. Mas há, na atualidade, um equivocado movimento extremista que insere o dízimo no mesmo bojo das falaciosas doutrinas da Teologia da Prosperidade.

Comentário (D. Castro): Primeiramente, caríssimo irmão Ciro Sanchez, é bem verdade que como vossa graça diz “a prática do dízimo sempre foi comum na Igreja Presbiteriana, na Igreja Batista, na Assembleia de Deus e em outras igrejas tradicionais”. No entanto, apesar da conveniente insistência daqueles que defendem a validade de tal prática como obrigatória para igreja, nenhuma das passagens do Novo Testamento evocadas pelos “guardiões” do “dízimo cristão”, sequer insinua que a igreja primitiva de um modo geral, ou mesmo em particular, utilizava-se de tal prática “caduca” a exemplo das instituições e organizações eclesiásticas citadas por vossa senhoria. Não há como negar a conveniência por traz das argumentações falaciosas dos que insistem na obrigatoriedade do dízimo para igreja! Os que o defendem, em geral são:

·  “pastores” e “líderes cristãos” que dele “sobrevivem” (ou devo dizer, “enriquecem”) (Nem todos!);
·  “crentes” incautos e imaturos cujas mentes já há muito estão cativas pelo legalismo de tal prática “disfarçado” em um pseudo-reconhecimento de que tudo pertence a Deus, os quais em geral, são vítimas da imposição psicológica das “maldições” por vezes lançadas sobre os que não o praticam;
·  os “interesseiros de plantão”, que de olho nas supostas promessas de prosperidade advindas de tal prática, pois como afirmam os seus líderes, “Assim diz o Senhor, fazei prova de mim!”, não deixam de cumprir o suposto mandatário;
·  os que têm “rabo preso” com a instituição/organização a que pertencem e por isso se “contorcem em malabarismos” para defender o indefensável.

A flagrante desonestidade se vê ainda no fato de nestes meios não se fazer qualquer distinção entre o que é de fato o dízimo segundo a lei e o que são as ofertas e contribuições voluntárias, estas sim mencionadas no Novo Testamento para a manutenção daqueles que obram pela causa do Mestre, e não somente destes, mas também dos mais desafortunados da igreja, sem qualquer imposição ou extorsão psicológica quanto a atender aqueles que necessitam, pois estes (os verdadeiros crentes, genuinamente nascidos de novo) devem ser movidos e constrangidos por seus líderes a fazê-lo de modo espontâneo.

Todo “teologozinho de meia pataca” é sabedor que desde a antiga aliança sob a lei mosaica já havia sido claramente estabelecida uma nítida distinção entre o dízimo e as ofertas votivas e voluntárias (Deuteronômio 12:6; Deuteronômio 12:17). Portanto, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Sempre foi assim! À exceção do dízimo de Abraão e do voto de Jacó, que certamente foram voluntários – e nada têm a ver com o dízimo segundo a lei – o dízimo legal, sob a tutela da lei mosaica, sempre foi obrigatório e nunca voluntário. Todo israelita estava debaixo deste mandatário (Aliás, nem todos, e se vossa graça houvesse realmente feito um estudo honesto e imparcial das disposições legais do antigo pacto quanto à questão do dízimo, não se daria ao trabalho de escrever com “ares de sabedoria” do que de fato, ao que me parece, não conhece!). Tudo, portanto, hoje, nos meios em que se busca defender o dízimo como um “mandamento irrevogável” para o cristão, inclusive fazendo uso indevido de textos como Mateus 23:23 e Hebreus 7:1-8, por exemplo, para convenientemente afirmar que supostamente “a igreja primitiva praticava este preceito da lei mosaica”, gira em torno de inculcar na mente do “cristão” a ideia de que as contribuições e ofertas na nova aliança [e aí incluem também indevidamente “o dízimo”] são voluntários. Aliás, à semelhança dos adventistas que enxergam o decálogo em todos os textos que mencionam a lei, quando isto lhes convém, os defensores do “dízimo cristão”, além das “migalhas” que colhem no Novo Testamento sobre o dízimo, distorcendo-as, é claro, de modo flagrante, parecem enxergar o “dízimo” até mesmo onde ele não existe! Lamentável!

C. Sanchez: Não sou líder de igreja, a despeito de ser pastor. Não sou sustentado por dízimos dos fiéis. Ademais, a minha posição contrária à Teologia da Prosperidade já é bastante conhecida de quem costuma ler os meus textos. Não apoio as práticas que igrejas pseudocristãs e pseudopentecostais utilizam para literalmente arrancar o dinheiro dos fiéis. E, por todas essas razões, posso falar à vontade a respeito do dízimo.

Comentário (D. Castro): Em segundo lugar, caro irmão Ciro, também sou totalmente contra “as práticas que igrejas pseudocristãs e pseudopentecostais utilizam para literalmente arrancar o dinheiro dos fiéis”. Conquanto, seria a falta de honestidade em tratar seriamente do assunto do dízimo com a igreja sob as límpidas bases estabelecidas nas Sagradas Escrituras, “mitificando” esta prática como obrigação do crente, menos desonesto do que as práticas de estelionato dos pseudocristãs e pseudopentecostais? Não seria mais honesto os líderes de nossas “igrejas” estabelecerem em assembleia geral de que forma se darão as contribuições sem impor qualquer obrigatoriedade (e sem insinuações de maldição) sobre aqueles que certamente, de bom grado, e movidos pelo constrangimento em amparar a obra de Deus bem como os que dignamente cumprem o seu ministério o farão? Às vezes acho que somos “liderados” por verdadeiros “incrédulos” (quando não mercenários), pois se deixarem de pregar o dízimo não creem que Deus levantará um povo fiel para manter aqueles que obram dignamente pela causa do evangelho! Peço que leia Êxodo 36:5-6 e, responda a si mesmo, quantos “pastores” e líderes evangélicos hoje agiriam do mesmo modo que Moisés nesta ocasião? Pois ali vemos claramente um povo que de boa vontade Deus levantou para contribuir com a construção do tabernáculo!

C. Sanchez: Penso que devemos, sim, nos opor aos falsos evangelhos, contrários à salvação pela Graça (Gl 1.8; 2 Co 11.3,4), mas sem exagero. Afinal, a contribuição financeira espontânea para a obra do Senhor, inclusive com o dízimo, nunca foi considerada uma heresia nas igrejas. Por que agora seria ela pecaminosa e reprovável? Antes do surgimento da Teologia da Prosperidade, não havia tanto combate ao dízimo. Mas muita gente começou a atacá-lo, como se ele fosse também parte integrante do aludido desvio teológico, depois que aumentou, e muito, o mercantilismo da fé (2 Co 2.17).

Comentário (D. Castro): Sua graça afirma “Antes do surgimento da Teologia da Prosperidade, não havia tanto combate ao dízimo”. Bem, caríssimo, como diz o ditado “há males que vem para bem”. Ao contrário da ideia que vossa graça tenta passar, muitos dos que têm se oposto à antibíblica prática do “dizimo cristão”, têm sido, de fato, esclarecidos à luz da Palavra de Deus com respeito à incoerência dos que se utilizam de expedientes nada honestos para defender o que por Cristo foi abolido de uma vez por todas na cruz, a saber, todo o antigo pacto (João 19:30; Colossenses 2:14). Se a busca por este esclarecimento tem sido inflamada pelos inúmeros escândalos advindos da deplorável Teologia da Prosperidade “são outros quinhentos”.

C. Sanchez: Está crescendo, e muito, o número dos inimigos do dízimo. Curiosamente, boa parte destes (sem generalizar) é formada por desviados, agnósticos, ateus, pessoas revoltadas que se opõem a pastores, igrejas, Ceia do Senhor, inspiração plenária da Bíblia. Tenho observado que cristãos equilibrados, sadios de coração, atuantes na obra do Senhor, não são dados a movimentos revolucionários que querem “reinventar a roda”, derrubar o “sistema” e exorcizar doutrinas, ordenanças e práticas antigas das igrejas.

Comentário (D. Castro): Portanto, não seja leviano ao alcunhar os que buscam trazer esclarecimentos sobre o assunto fundamentando-se de modo imparcial única e exclusivamente nas Sagradas Escrituras e não em tradições eclesiásticas questionáveis, chamando-os de “inimigos do dízimo”, afirmando que boa parte destes são “desviados, agnósticos, ateus, pessoas revoltadas que se opõem a pastores, igrejas, Ceia do Senhor, inspiração plenária da Bíblia”. Sua “santidade”, renomado conferencista internacional e “grande teólogo” assembleiano, porventura se esquece que somente os que assumem um compromisso genuíno única e exclusivamente com a verdade do Evangelho é que são capazes de cumprir plenamente o ministério a eles delegado pelo próprio Senhor? Com todo respeito, irmão Sanchez, “solte o rabo” primeiro, antes de abrir a boca e usar de leviandade contra aqueles que buscam verdadeiramente esclarecer o povo de Deus contra as artimanhas daqueles que acham que podem servir a dois senhores! (Mateus 6:24; Lucas 16:13). Não se esqueça ainda, querido, que segundo se diz popularmente “uma mentira contada muitas vezes, acaba se tornando verdade”, embora de fato não o seja, refiro-me ao suposto “dízimo cristão”. Portanto, amado, nem todas as “práticas antigas das igrejas” são, de fato, corroboradas pelas Escrituras. E aqui jaz o tão tradicional “dízimo cristão”.

C. Sanchez: Concordo que não há uma grande quantidade de versículos a respeito do dízimo no Novo Testamento. Mas também não existe uma passagem sequer desaprovando essa forma de contribuição. E o dízimo tem a seu favor o fato de o Senhor Jesus ter se referido a ele como um dever, a despeito de ser menos importante que o juízo, a misericórdia e a fé (Mt 23.23).

Comentário (D. Castro): Numa coisa, porém, “quase concordamos”. Mas antes de continuar deixe-me alertá-lo quanto a sua ideia de que se “não existe uma passagem sequer desaprovando essa forma de contribuição”, então não há problema nenhum em fazermos uso dela! Creio que foi isso o que quis transmitir, não foi? Pois bem, e onde nas Escrituras somos instados a ir além do que está escrito? Será que naquilo em que a Bíblia se cala, temos nós “liberdade” de lançarmos mão, ainda que para benefício da obra de Deus? Os fins justificam os meios? Cuidado, querido! Cuidado com afirmações impensadas! Alguém pode lhe entender mal! (1 Coríntios 4:6)

Sua graça diz “Concordo que não há uma grande quantidade de versículos a respeito do dízimo no Novo Testamento”. Bem, além de Mateus 23:23 (cuja passagem paralela encontramos em Lucas 11:42), Lucas 18:12 e Hebreus 7, o que mais temos sobre o dízimo? NADA! ABSOLUTAMENTE NADA! Contudo, os defensores da obrigatoriedade do dízimo para a igreja se agarram a tais passagens, as únicas “migalhas” que têm (em especial Mateus 23:23 e Hebreus 7:1-8), interpretando-as conveniente sem considerar seu real contexto com o propósito de defender sua tese! Mas pergunto a este “grande exegeta”: A quem Cristo está se dirigindo em Mateus 23:23? À Igreja? Ora, caríssimo teólogo, liberte-se das amarras da conveniência! Nem tudo o que Cristo proferiu nos evangelhos ele o dirigiu a igreja! Estaria ele lamentando sobre a igreja ao chorar sobre Jerusalém, dizendo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!”? É realmente a nós cristãos que o Senhor Jesus dirige estas palavras? Ao repreender os escribas e fariseus por sua hipocrisia, Cristo, ainda sob a lei, se dirigia a judeus, querido! Que mais deveria ele dizer àqueles homens insensatos e cegos? Poderia ele ter dito: “devíeis, porém, fazer estas coisas, e podem omitir aquelas!”? [Grifo meu]. Creio que não preciso responder-lhe! E quanto Hebreus 7:1-8? Estaria o autor da carta (que creio ter sido Paulo) ensinando os crentes hebreus ou mesmo a igreja a “dizimar”? Sua conveniência é flagrante, Sr. Sanchez!

C. Sanchez: Embora tenha sido instituído nos tempos do Antigo Testamento e adotado como meio de sustento dos levitas que serviam no Templo, o dízimo tem a sua importância nos tempos neotestamentários. Assim como no Templo os levitas precisavam do dízimo e das ofertas alçadas para manterem o lugar de culto a Deus e se manterem (Ml 3.8-10), os ministros e templos de hoje — e a obra de Deus, de maneira geral — precisam de recursos para a sua manutenção.

Comentário (D. Castro): Não consigo conceber até que ponto pode ir a conveniência de um homem supostamente “tão sábio” a ponto de não enxergar fatos claramente estabelecidos nas Escrituras. Sua graça diz “Assim como no Templo os levitas precisavam do dízimo e das ofertas alçadas para manterem o lugar de culto a Deus e se manterem (Ml 3.8-10), os ministros e templos de hoje... precisam de recursos para a sua manutenção”. Primeiramente, caro irmão Ciro, quem constituiu os “ministros” evangélicos de hoje os “legítimos herdeiros” do sacerdócio levítico da Antiga Aliança? Apresente-me, se possível, um único texto das Escrituras que claramente estabeleça esta suposta transição. E quanto às portentosas “edificações eclesiásticas” de hoje, construídas às custas do suor e da ignorância de muitos crentes e supostamente erigidas “em nome do Senhor” e “para Sua eterna glória”? Onde vemos nas Escrituras qualquer ordenança de Cristo ou de seus apóstolos para que investíssemos tempo e dinheiro em verdadeiros “palácios” para acomodar confortavelmente sua igreja, a qual sabemos é peregrina nesta terra? E onde encontramos na Bíblia qualquer relação entre tais edificações e o Templo do Antigo Testamento ou, ainda, a “Casa do Tesouro”? Ah, desculpe-me, sua graça crê que como as Escrituras não se manifestam sobre isso, não há nenhum mal em acomodarmos da melhor forma possível o povo de Deus para cultuá-lo, não é mesmo? Contudo, amado, Cristo foi categórico ao afirmar à mulher samaritana: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores” (João 4:23). Os homens criaram todo este sistema de coisas, querido, e agora não conseguem mais arcar sozinhos com ele! Daí a necessidade de usar de subterfúgios e de fazer até “malabarismos” textuais para sustentá-lo [este sistema] com os “dízimos” e as ofertas para manter rodando as engrenagens de instituições puramente humanas! Enquanto isso, o ide de Cristo é cumprido verdadeiramente por homens que se despojaram de tudo e dos quais este mundo não é digno, muitos inclusive partindo para a glória como anônimos entre os santos, mas não diante de Deus! Na Nova Aliança, amado, cada crente é um sacerdote e templo do Espírito Santo! (1 Pedro 2:5; 1 Coríntios 6:19). Conquanto não possamos mais mudar a confusão instaurada hoje e proferida por Cristo em Marcos 4:32 e Lucas 13:19, devemos ter a coragem de confrontar o erro e alertarmos aqueles que dormem! (Efésios 5:14).

C. Sanchez: Por que o dízimo não pode ser usado hoje como um meio de arrecadação de dinheiro em prol da obra do Senhor? Não podem as igrejas pedir o dízimo dos fiéis, desde que não haja barganha e imposição? O que as impede de estimular os servos de Deus a contribuírem mensalmente com 10% dos seus rendimentos?

Muitos têm interpretado mal o fato de o Senhor Jesus ter inaugurado o tempo da Graça (Jo 1.17), ao pensarem que, com isso, Ele aboliu tudo o que fora dado a Moisés. Não! A obra vicária do Senhor serve eficazmente para não mais dependermos da Lei para a salvação, a qual se dá única e exclusivamente por meio da Graça (Ef 2.8-10; Tt 2.11). Entretanto, nem todos os mandamentos e princípios do tempo do Antigo Testamento foram revogados ou desprezados pelo nosso Senhor, como se vê principalmente em Mateus 5 a 7.

Comentário (D. Castro): Com respeito à abolição da lei (ou do Antigo Concerto), caro irmão Ciro, todos nós sabemos que seu fim foi não apenas profetizado, como se cumpriu plenamente em Cristo. Peço que analise os textos que parecem negar que NEM TODA A LEI foi abolida com as seguintes passagens:

“Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jeremias 31:31-34)

“Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor... Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer” (Hebreus 8:7-9,13)

Muitos outros textos deixam claro que a lei foi totalmente abolida, embora pareça que Cristo apenas a modificou e “ampliou”. E não adianta citar Mateus 5 a 7, para apoiar sua ideia, pois por inúmeras vezes no capítulo 5 Cristo usa a expressão autoritativa “Eu, porém, vos digo”, indicando a implementação de uma NOVA LEI. Lembre-se de que não se pode por “remendo de pano novo em veste velha” e “não se põe vinho novo em odres velhos” (Mateus 9:16-17; Marcos 2:21-22). A lei de Cristo é Nova, Superior e é Perfeita!

C. Sanchez: Em Mateus 5.27,28, vemos — por exemplo — que o Senhor não revogou o mandamento “Não adulterarás”, mas o modificou, tornando-o mais abrangente, passando a considerar o aspecto psicológico. O Senhor Jesus, definitivamente, não revogou toda a Lei (Rm 15.4). Falando especificamente do Decálogo (que é apenas um resumo da Lei), nove dos dez mandamentos foram repetidos no Novo Testamento de maneira ampliada ou modificada. A única exceção é quanto à observância do sábado (Mc 2.24-28; Gl 4.8-11).

Comentário (D. Castro): Ainda com respeito a Mateus 5, o senhor após suas argumentações encerra dizendo “A única exceção é quanto à observância do sábado”. Não sou adventista, mas isso me faz lembrar da desonestidade dos que defendem o suposto “dízimo cristão”, quanto a não aceitarem a argumentação deste movimento sectário que busca sustentar a validade da guarda do sábado alegando que o mesmo é anterior à lei, enquanto fazem uso do mesmo argumento para defender a suposta validade do “dízimo” para a Nova Aliança. Isso lhe parece honesto, querido? Há mim me parece muito mais uma questão de conveniência! E que conveniência!

C. Sanchez: Considero exagerado, extremado, esse movimento que visa a exorcizar e esconjurar o dízimo, com base no argumento de que ele pertence à Lei. Ora, quais são as implicações negativas de sua observância quanto à salvação pela Graça? Contribuir com o dízimo impede alguém de ser salvo? Quem dá o dízimo faz isso para obter a salvação pelas obras?

Comentário (D. Castro): Vossa graça pergunta “quais são as implicações negativas de sua observância [do suposto “dízimo cristão”] quanto à salvação pela Graça? Contribuir com o dízimo impede alguém de ser salvo? Quem dá o dízimo faz isso para obter a salvação pelas obras?”. Ora, meu querido irmão assembleiano, vossa senhoria sabe muito bem como as coisas funcionavam na prática em um passado não tão distante e ainda hoje funcionam em muitas igrejas de sua tão amada denominação (e em diversas outras é claro!). Deixa-se um irmão ou irmã de “dizimar”, era logo visto pelos demais como o pior dos pecadores, sujeito até mesmo à disciplina ou expulsão caso persistisse “no pecado” ou ousa-se questionar a validade bíblica do mesmo com seu “pastor”! Eu mesmo vi crente ser “escorraçado” de sua igreja por insistir em pregar contra a obrigatoriedade do “santo” dízimo. E isto ainda ocorre até hoje, sobretudo, em muitas igrejas interioranas pelo Brasil. Portanto, Sr. Sanchez, não se faça de desentendido. O senhor conhece muito bem os fatos e histórias do tipo são muito bem conhecidas por uma miríade de crentes. E o que dizer da pressão psicológica a que foram submetidos por anos muitos de nossos irmãos e irmãs mais antigos a ponto de hoje julgarem ser um gravíssimo e condenável pecado deixar de “dizimar”, certos de que se não o fizerem arderão no “fogo do inferno” por toda a eternidade! Da boca pra fora, muitos deles dizem, “eu não dou o dízimo para ser salvo”, mas se deixam de “dizimar” por qualquer motivo, julgam-se imediatamente culpados por estarem supostamente “roubando a Deus”, e no primeiro sinal de tribulação (natural na vida de todo o crente), creem estar debaixo de maldição por não haverem se mantido fiéis ao tão imaculado “dízimo cristão”. E o senhor ainda tem o atrevimento de perguntar: “quais são as implicações negativas de sua observância quanto à salvação pela Graça?”. Ora, faça-me o favor, senhor “pastor”! A quem quer enganar?

C. Sanchez: Tudo o que temos, nesta vida, pertence ao Senhor (1 Co 4.7; Tg 1.17; Sl 24.1; Êx 13.2), inclusive o dinheiro (Ag 2.8,9). A Ele não pertence apenas 10% do que possuímos, e sim tudo (100%). E o Senhor tem permitido que administremos o que nos tem dado pela Graça (1 Co 4.1; 6.19,20), inclusive a nossa renda. Uns são mais generosos, e outros, menos. Mas, que mal existe em alguém contribuir mensalmente com o dízimo, para manutenção da obra do Senhor? Antibíblica e anticristã essa prática não é, a menos que somem a ela as técnicas usadas pelos propagadores da falaciosa Teologia da Prosperidade.

Conquanto o texto de Mateus 23.23 apresente uma contundente mensagem do Senhor Jesus aos fariseus, vejo nele incentivo à prática do dízimo aplicável aos dias de hoje. Caso contrário, nada do que está escrito em Mateus 23 poderia ser aplicado hodiernamente. Muitos pastores, por exemplo, baseiam-se no versículo 28 para pregar contra a hipocrisia: “exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidade”. Por que não podemos usar o versículo 23 para estimular a contribuição do dízimo?

Comentário (D. Castro): Quanto à sua afirmação de que se não pudermos aplicar o texto de Mateus 23:23 “para estimular a contribuição do dízimo” em nossos dias, então “nada do que está escrito em Mateus 23 poderia ser aplicado hodiernamente”, não passa de pura falácia, querido! Quer ver? Em que outro verso deste capítulo, Cristo menciona qualquer outro ponto específico da lei, além do dízimo? Viu, meu caro, embora Cristo estivesse de dirigindo aos judeus não há nenhum problema em tomarmos as repreensões feitas a eles e aplicarmos aos muitos hipócritas hoje no seio na cristandade. Contudo, isto de modo algum nos abona a fazer uso do verso 23 do referido capítulo para dizer que Cristo está-nos “incentivando a dizimar”!

C. Sanchez: O dízimo e as ofertas para a obra do Senhor podem ser defendidos com base em várias passagens neotestamentárias, como Hebreus 7.1-10; Romanos 4.11,12,16; Gálatas 3.9; João 8.39; Atos 4.32; 2 Coríntios 8.1-9; 9.6ss; Filipenses 4.10-19, etc. Mas a passagem mais enfática quanto ao dízimo é mesmo Mateus 23.23. Ela contém um grande ensinamento: o de que devemos priorizar, ao contrário dos fariseus, a justiça, a misericórdia e a fé, mas sem nos esquecermos de que devemos contribuir para a obra do Senhor: “deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas”.

Comentário (D. Castro): “O dízimo e as ofertas para a obra do Senhor podem ser defendidos com base em várias passagens neotestamentárias”. Aqui temos a prova da confusão que certos líderes tentam causar na mente dos crentes incautos e imaturos. Como já mencionamos anteriormente, o dízimo segundo a lei sempre esteve em contraste com as ofertas (quer votivas, quer voluntárias) (Deuteronômio 12:6; Deuteronômio 12:17). Contudo, usando de má fé, os defensores do suposto “dízimo cristão” colocam tudo em um mesmo bojo (o dízimo e as ofertas) e alegam que tudo é uma e a mesma coisa, conquanto, por vezes se contradigam, hora afirmando que o dízimo é obrigatório, hora dizendo que deve ser voluntário. As passagens mencionados por vossa graça, irmão Ciro, nada têm a ver com o dízimo! Seja honesto consigo mesmo, por favor! Não lhe dói a consciência? Ao que parece não, pois “volta o cão arrependido...”, isto é, a velha ladainha de que “a passagem mais enfática quanto ao dízimo é mesmo Mateus 23.23”. Que vergonha! As passagens alistadas, com exceção de Mateus 23:23 e Hebreus 7:1-10, as quais já esclarecemos acima não dão qualquer apoio a uma suposta obrigatoriedade de a igreja “dizimar”, tratam especificamente de ofertas e contribuições voluntárias, algumas das quais devem ser sistemáticas, mas não obrigatórias e nem mesmo estipulando o percentual a ser ofertado ou com que se deva contribuir.

C. Sanchez: Opositores do dízimo dizem que o texto de Mateus 23.23 não se aplica a nós porque na cruz toda a Lei foi anulada e tudo o que Ele disse antes da sua crucificação baseara-se na Lei. Bem, se não podemos receber como verdade neotestamentária o que o Senhor disse antes de sua morte e sua ressurreição, a igreja de Atos dos Apóstolos baseava os seus ensinamentos em quê? É evidente que ela seguia as verdades transmitidas por Jesus no período em que andou na terra (o que inclui Mateus 5-7, 23-25, João 13-17, etc.), antes de morrer e ressuscitar, e antes da sua ascensão (At 1.1-9).

É claro que, no tempo da Graça, a contribuição financeira deve ser, antes de tudo, voluntária, generosa, altruísta, em gratidão a Deus por tudo quanto dEle temos recebido (Tg 1.16). Por outro lado, não há necessidade de exorcizar a prática do dízimo, como se ela pertencesse ao pacote herético da Teologia da Prosperidade, a qual é perniciosa em razão da intenção de seus adeptos: “por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas” (2 Pe 2.3).

Contribuir com o dízimo mensalmente, em gratidão a Deus e pensando no bem da obra dEle, não é, de modo algum, barganhar ou ser amante do dinheiro (1 Tm 6.10). A Bíblia não apoia a prática de contribuir financeiramente com segundas intenções. A despeito disso, tenho certeza de que o Senhor abençoa a quem contribui com generosidade, alegria, como se vê claramente em passagens como 2 Coríntios 9.6-15 e Malaquias 3.8-10.

Diante do exposto, a impressão que tenho é que os oponentes do dízimo agem assim muito mais porque não desejam contribuir do que para manter a pureza do Evangelho e protegê-lo da Teologia da Prosperidade. Lembremo-nos de que o nosso julgamento deve ocorrer de acordo com a reta justiça, e não mediante generalizações e “caça às bruxas” (Jo 7.24).]

Por um cristianismo equilibrado,

Ciro Sanches Zibordi.

Comentário final (D. Castro): Novamente a leviandade! Quero crer que por desinformação de sua parte, contudo, uma atitude deplorável. O senhor diz “Opositores do dízimo dizem que o texto de Mateus 23.23 não se aplica a nós porque... tudo o que Ele disse antes da sua crucificação baseara-se na Lei”. Quem disse isso? Conheço inúmeros crentes esclarecidos quanto ao dízimo e jamais ouvi de nenhum deles tal afirmação absurda. Parece que o desespero em sustentar sua “doutrina” do “dízimo cristão” o faz colocar até palavras estúpidas na boca dos que não compactuam com seus “contorcionismos” para defender sua teoria arruinada. Seja honesto, meu irmão, não nos faça parecer tolos!

Além disso, sua “impressão” (para não dizer afirmação) de que “os oponentes do dízimo agem assim muito mais porque não desejam contribuir do que para manter a pureza do Evangelho e protegê-lo da Teologia da Prosperidade” não passa de uma afronta sem precedentes a muitos daqueles que, de fato, estão muito mais interessados na verdade dos fatos, o que certamente trará muito mais honra e glória ao Senhor, do que em subterfúgios e especulações advindos de quem se diz “equilibrado”, mas de fato “pende” muito claramente para o lado que favorece não apenas sua posição como também os dogmas de sua denominação.

Por um cristianismo autêntico,

D. S. Castro.

3 comentários:

  1. Muito bom esse debate, aprendi muito e posso colaborar com o mencionado pelo irmão D.S.Castro, onde ele afirma que quem não participa com o pagamento dos dízimos nessas denominações ou DOMINAÇÕES, correm o risco de serem excluidos, isso aconteceu comigo na A.D de Xerem do sr. pr Lourival Machado, fui "exonerado" das funções de professor da EBD e de diácono, hoje sou mais um desigrejado adorando ao meu SENHOR no anonimato. O que pude perceber é que as denominações são como Clubes Sociais,onde o sócio (dizimista) paga suas mensalidades e podem usufruir de todos os benefícios do Clube (denominação).

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    1. Infelizmente, irmão Rosemberg, casos como o seu ainda continuam ocorrer. Lamentável! Mas o que importa é que estamos do lado da Verdade e temos buscado ser fiéis ao que Cristo realmente ordenou à Sua igreja. Que Deus o abençoe! Em Cristo, Darivan Casto. Se irmão quiser receber uma cópia em PDF da edição independente de meu livro 'O Dízimo e o Sábado - As Incoerências dos Apologistas Cristãos Defensores da Obrigatoriedade do Dízimo na Nova Aliança', me informe um e-mail que logo mais lhe envio. O irmão também, se desejar, pode visitar nossa fanpage no Facebook (link abaixo) e se inscrever na promoção que estará sorteando, no dia 29/04, 10 (dez) exemplares da reedição do livro (o mesmo texto, por enquanto) pela Editora Koinonia.

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  2. Infelizmente, irmão Rosemberg, casos como o seu ainda continuam ocorrer. Lamentável! Mas o que importa é que estamos do lado da Verdade e temos buscado ser fiéis ao que Cristo realmente ordenou à Sua igreja. Que Deus o abençoe! Em Cristo, Darivan Casto. Se irmão quiser receber uma cópia em PDF da edição independente de meu livro 'O Dízimo e o Sábado - As Incoerências dos Apologistas Cristãos Defensores da Obrigatoriedade do Dízimo na Nova Aliança', me informe um e-mail que logo mais lhe envio. O irmão também, se desejar, pode visitar nossa fanpage no Facebook (link abaixo) e se inscrever na promoção que estará sorteando, no dia 29/04, 10 (dez) exemplares da reedição do livro (o mesmo texto, por enquanto) pela Editora Koinonia.

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